Um assunto muito importante vem sendo debatido entre o Governo Federal, candidatos à presidente e o setor empresarial: uma proposta de um novo sistema de saúde nacional. A intenção é propor planos de saúde populares e retirar do SUS sua principal característica: gratuidade e universalidade.
Antes das divagações e da utopia comum entre essas classes, é preciso lembrá-los que o SUS é o plano de saúde de maior cobertura; procedimentos caríssimos como transplantes de órgãos, dentre muitos outros, são realizados unicamente pelo sistema.
Vivemos um momento de precariedade dos planos de saúde, com coberturas extremamente falhas em relação às intervenções mais caras e muitas reclamações sobre os serviços prestados.
No dia 02 de março do corrente, a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), que regula os planos de saúde, suspendeu a venda de 44 planos de saúde, por conta da baixa qualidade na prestação dos serviços.
Planos populares com valores baixos, mas que ao serem utilizados exigem o pagamento de 50% dos valores dos procedimentos, têm tido cada vez mais adesão. Porém, vale ressaltar o valor abusivo desses procedimentos, uma vez que vivemos em um país com uma desigualdade social gigantesca e a simples menção de substituir o SUS por planos populares é, no mínimo, inadmissível.
Só em 2014, os planos de saúde doaram mais de 55 milhões para candidaturas políticas. Por causa disso, cada vez mais se torna mais crescente a influência desse seguimento da iniciativa privada dentro da política, com o objetivo claro de propor substituições no acesso universal do SUS, por uma proposta de seguros de saúde.
A universalidade e assistência de saúde gratuita não é uma utopia, países desenvolvidos como: Canadá, Inglaterra e França, são experiências exitosas nesse assunto.
O SUS é viável desde que haja investimentos na promoção e prevenção à saúde, políticas de incentivo a indústria farmacêutica nacional, investimentos em ensino e pesquisa na área de saúde e a valorização dos profissionais que trabalham no Sistema.
O Brasil investe menos de 7% do orçamento publico federal em saúde (enquanto a média mundial de outros países é de cerca de 11,7%). Portanto é prudente dizer que, antes que qualquer medida substitutiva à gratuidade e universalidade do SUS, é preciso repensar conceitos e investimentos no setor da saúde pública.
Reforço a minha postura de defensor do SUS, nossa maior conquista garantida pela constituição federal, não podemos deixar que qualquer ameaça venha prejudicar o nosso Sistema Único de Saúde.
*Vereador em Campo Grande e enfermeiro com mais de 15 anos de experiência na rede pública
Contato: vereadorfritz@gmail.com