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Flávio de Britto: Um poder engessado

Desbravando matérias jornalísticas nas minhas primeiras horas matinais deparei-me com determinada nota estimulante de desconforto e indignação aos meus princípios.
Certos assuntos em nosso País, devido carência de critérios morais dos legisladores pátrios, nos causam maléficas perplexidades psico-ideológicas.

Antes de aprofundar no assunto, questiono-me quanto prováveis equívocos ao defender teses de que um cidadão com idade superada não possa mais contribuir com a vida pública salvo para transfusões de sabedoria e conhecimento a terceiros interessados.

“Aos 86 anos, o deputado Paulo Maluf, que vem mantendo seu potencial de votos nos últimos anos, vai disputar a reeleição para Câmara dos Deputados”. (Correio do Estado; 05-12-2017)

A indigestão ocasionada com esta matéria atinge agressivamente raciocínios lógicos ansiosos por oxigenação nas vias públicas em seus mais diversos parlamentos.

Um cidadão que já viveu áureos tempos, hoje individualizado por seus únicos interesses e egos incandescentes, ofuscam intransigentemente o novo na arena pública onde se exige mais energia e menos discurso.

Vejo, ouço e sinto pessoas nos mais diversos ambientes enojados com a palavra “política”. Estão certas. Vivemos um momento de asco pelas condutas imorais desta espécie de gente que menosprezam o caráter humano.

O que uma população pode esperar de um parlamentar com seus 86 anos de idade? Um poder engessado.

Com muita sobriedade, reservo minha posição ofensiva à questão poupando-me de um maior desgaste mental. 

Estamos diante gêneros sarcásticos que visam um bem estar social, holofotes e vaidades vitalícias.

Importante e necessário nesta hora o enraizamento de um projeto defendendo idade máxima para detentores de mandato. 

Precisamos determinar uma ofensiva no tocante limite de idade para o exercício da função bem como dar fim a qualquer tipo de reeleição aqueles que visam colaboração com a vida pública.

Sendo mais audacioso, precisamos alimentar a ideia daquele que já serviu a algum mandato não poder mais exercê-lo novamente, salvo outras espécies ainda não desenvolvidas. É o mister da rotatividade de pensadores em favor de uma sociedade. 

Precisamos acastelar uma implacável política de contribuição extinguindo, por fim, os infestados mandatos “profissionais” que aprisionam e soterram mentes brilhantes repletas de energia, ociosas por fazer o bem. 

ADVOGADO