Não posso afirmar se a deputada Tereza Cristina é boa ou má parlamentar. Do ponto de vista institucional, seu mandato me parece insípido, incolor e inodoro. Do ponto de vista político, é um desastre.
As informações sobre as ações parlamentares de Tereza não me chegam. Ela é ruim de marketing.
O noticiário perceptível em torno dela só destaca problemas.
Há meses a pauta que lhe cerca é a da expulsão do PSB. Se um parlamentar é indesejado em seu partido, alguma coisa está errada. Pelo menos aos olhos de quem não compreende o emaranhado sutil da vida partidária.
Claro, sabemos como ela se meteu em sua própria crise: contrariou a ala esquerda do PSB posicionando-se a favor do presidente Temer, que a fustiga com o desejo de lhe retirar das mãos o cargo de líder do partido na Câmara dos Deputados.
Enfim, o velho jogo do poder.
O cargo de liderança traz vantagens: cargos, verbas indenizatórias, visibilidade, tempo de tribuna, mordomias e trânsito fácil nos ministérios.
Mas Tereza tem uma personalidade errática.
Na verdade, ela cometeu um equívoco de origem. Sempre foi instrumento e nunca uma agente política de verdade. Ingressou no PSB a mando do caciquismo local. Nunca foi de esquerda.
Sempre teve vinculação com o chamado “conservadorismo fisiológico” da direita patrimonialista.
Seus interesses empresariais e paroquiais sempre falaram mais alto do que sua postura ideológica. Ou seja, ela sempre esteve no lugar errado por conveniência e cumprimento de ordens. Nunca lhe passou pela cabeça se libertar desses esquemas para fazer um mandato mais consistente.
Tereza cometeu o erro da ilusão: achou que seria fácil ficar dentro de um campo ideológico que nunca fora o seu, principalmente no cipoal de contradições que é a grande política. Ela estava destinada ao baixo clero, mas foi catapultada a uma função que nunca devia ser dela, por vocação e habilidade.
Claro, ela tentou enganar seus pares. Ela estava acostumada e mentir como fez no PSDB local e, depois, tornando-se massa de manobra do PMDB, até chegar ao socialismo de resultados que a terminou caracterizando.
Agora, a notícia de sua expulsão tornou-se uma referência política de seu mandato. Cabe a qualquer cidadão perguntar quais as razões que levam uma pessoa a ficar num partido que, dia sim dia não, pede sua cabeça.
Pior: leva-se à incômoda posição de ficar ao mesmo tempo se oferecendo no mercado do fisiologismo explícito.
Coitada. No final, em 2018, caberá à deputada um lugar de destaque na ribalta do anonimato, por mais paradoxal que isso pareça.