Pages

Que fazer: o dilema de Marquinhos Trad

Sou cada vez mais interpelado com a pergunta sobre quem Marquinhos Trad vai apoiar nas eleições do próximo ano. Respondo: não sei. Aliás, o prefeito me parece estar mais preocupado com outros assuntos. O jogo sucessório de 2018 ainda é incerto.

Mas meus interlocutores riem com malícia. Acham que sei de alguma coisa e estou escondendo o jogo. Não estou. Na verdade, essa é uma questão que não cabe no momento, mas a insistência é imensa.

Digo que apoio político trata-se de algo circunstancial. O dinamismo de nossa realidade tem muita voracidade: hoje o sujeito está no alto, mas, no dia seguinte, ele abre os jornais e começa a viver seu inferno na terra.

Nas leituras correntes, os “especialistas” afirmam que o prefeito será o cabo eleitoral determinante, principalmente em caso de disputa acirrada, na disputa pela governadoria.

Pode até ser: Campo Grande tem o maior colégio eleitoral do Estado e, naturalmente, o prefeito galvaniza seu apoio para dar forma e substância a qualquer candidatura.

Além disso, tem outro fator amplamente reconhecido: o índice de popularidade de Marquinhos é elevado e sua forma de administrar a cidade tem agradado a maioria.

O prefeito faz uma gestão diferente: circula pela cidade, vistoria pessoalmente o andamento dos serviços públicos, tem exata noção do poder das mídias sociais, dialoga com todos os setores, não discrimina, não é arrogante nem se julga professor de deus.

Sofre com a crise financeira, mas isso é outra história.

É inegável que se trata de um político intuitivo como nunca houve no Estado (talvez o caso de Pedrossian seja paralelo), não tem medo de gente, enfrenta protestos de servidores sem se abalar e conta com um entorno de primeira linha, pessoas que tem a exata noção sobre os limites da política nos dias atuais.

Quem acompanha diariamente o prefeito sabe que ele não se jacta vaidosamente de estar fazendo uma boa gestão (reconhece que está realizando possível diante de um quadro institucional caótico), mas que está garantindo aquilo que é essencial para fazer a diferença: sabe a importância da manutenção da estabilidade institucional e tem exata noção de que pode até errar, mas que a única coisa que não poderá permitir á qualquer eclosão de escândalos que o coloque na vala comum.

Definitivamente, Marquinhos não vive no mundo paralelo da República de Maracaju, que acredita naquele velho lema “nóis que afundou, nóis que manda”.

Nesse aspecto, sua figura é inspiradora. Dessa maneira, chega a ser irônico que Azambuja tenha nas últimas semanas lutado com a sua assessoria para fazer selfies com o prefeito. Parece que existe uma necessidade infrene dos marqueteiros do governo em estabelecer uma aderência permanente à imagem de Marquinhos, como se ele fosse uma tábua de salvação no mar revolto da Operação Lava Jato.

Nossa sorte – digo, da sociedade – é que Marquinhos sabe que o poder é transitório e que na política não existem amigos, e sim momentos.

Até onde a vista alcança, nas eleições de 2018 não bastará apenas sorrisos, fotinhas fofas, tapinha nas costas e simpatias fingidas. O buraco é mais embaixo.

Lacrei.