Saí de lá convicto de que o governo que se iniciava faria do mutirão a sua mensagem. Soube que perderíamos quatro anos na evolução política da saúde. Logo após a posse deram início ao circo, pior, algumas pessoas qualificadas deram apoio a estas ações. Escrevi dois artigos: um deles publicado pelo Correio do Estado, outro, um amigo postou no seu Blog.
Resolvi silenciar, a fim de que esta postura revelasse ao governador o meu respeito, acreditando na sua capacidade de gestão da coisa pública.
Há dois anos estou torcendo por novas ideias. Hoje, veio o anúncio de nova rodada do Mutirão, aí meu amigo, não dá para calar. Mutirão é, a meu ver, o atestado público da incompetência, do desprezo ao povo. Funciona como se botasse o povo num brete e fizesse a vacinação de aftosa. Jamais me submeterei a isso: condeno a má intenção deste procedimento. Não há como controlar o número de atendimentos, a qualidade, e mais grave: o custo.
A “Firma” apresenta a conta e o governo rapidamente paga. Transforma essa coisa em prioridade, e passa à frente de ações muito mais sérias na saúde. A Firma vai embora para onde veio e “o malfeito” fica para o mal pago médico do posto resolver. Isso é um desrespeito. Nem Roma, que amava o circo, para distrair o povo, ousou tamanha afronta. Ainda tenho respeito pelo Reinaldo, porém, o seu governo é ridículo na área de saúde. Escolheu mal a sua equipe. Quero dizer que não falo em pessoas, falo em ideias.
As ideias da sua equipe são primitivas, não conseguem entender saúde como componente social. A saúde, senhor governador, é um instrumento de uma orquestra sinfônica bem coordenada, com harmonia de movimento e sonoridade saudáveis. Não conseguirá realizar uma política de saúde sendo estanque, isolada, como se fosse um regime feudal. A saúde é irmã gêmea da educação, da ação social, da segurança e do emprego. No meu mundo, jamais desprezaria o Lazer.
Ex-secretário de Saúde do Município e do Estado