No comportamento humano
está disseminado, de forma muito avassaladora, um sistema de comunicação baseado
em premissas equivocadas. Todo mundo acha.
O presidente, os ministros, os deputados, os senadores, todos acham e ninguém sabe. Essa é a diferença vital entre os dois procedimentos: de quem
acha e de quem sabe. Quem sabe, sabe. E como tal tem seu raciocínio e seu
discurso baseado em fatos reais. Não acha.
O homem sempre achou e é muito comum querer mostrar
erudição deitando falação sobre tudo, a torto e a direito. Achismo é uma gíria atribuída à “teoria” que é criada por alguém sobre algo
com base unicamente nas suas opiniões e intenções, sem nenhuma argumentação concreta ou justificativa.
Um dos critérios para o reconhecimento de um fato social é
determinar sua resistência à mudança de perspectiva: os fatos sociais não podem
ser alterados pela simples declaração da vontade. Isso não implica na
impossibilidade de alteração do fato social, mas é necessário um grande esforço
para fazê-lo.
Hoje, o avanço tecnológico e a difusão dos fatos de forma
instantânea estimularam uma grande parcela da população a emitir suas opiniões
de forma irresponsável, unicamente para sentirem-se parte de um universo
pensante. A mudança social decorrente do crescimento da população e do aumento
da tecnologia, especialmente na área da comunicação e do transporte, são os
principais fatores que causaram essa mudança.
O problema do achismo é que mesmo sem fundamentação teórica ele pode
servir como base para uma tomada de decisão em que as chances de se cometer um
erro aumentam exponencialmente à medida que a linha de argumentação avança
sobre a contextualização.
O achismo tem como fundamento um conjunto de premissas interpretadas de
forma parcial e superficial, seguindo uma sequência lógica imaginária que pode
ser precedida pela perseguição a uma ideia fixa a respeito de um assunto.
Porém, a falta de uma evidência concreta torna a “visão antropológica”
um espelho distorcido dos temores que afetam não só o indivíduo que observa de
forma entorpecida, mas todos aqueles que são atingidos por seus achismos.
Para que um indivíduo evite cair na armadilha da suposição superficial é
preciso que adquira conhecimento de causa para que as sucessivas informações
que dele possam ser abstraídas produzam efeitos verdadeiramente verificáveis.
Só assim é possível, por exemplo, construir um pensamento científico em
que a visão antropológica permita ao indivíduo aproximar uma evidência de sua conclusão
lógica.
Construindo um espaço em que as ideias possam emergir de forma pura
dentro de um contexto, é possível diminuir a propensão ao erro na linha de
argumentação e relativizar o achismo como uma suposição rasa sem sustentação.
A linguagem recorrente
deste momento tão apressado é o achismo. Todo mundo acha. A emissão de opinião
baseada no achismo é destituída de fundamento. Quem acha não sabe. E só quem
sabe deveria opinar. Quem acha acaba se tornando “se achante”, como diria nosso laureado e
saudoso poeta Manoel de Barros.
Vamos trabalhar para
que essa onda seja desconstruída de maneira eficaz.
Vamos desachar?
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato
Grosso do Sul, Corretor de imóveis e advogado.