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Alexsandro Nogueira: Ódio a Bolsonaro é ódio à liberdade de expressão


Leio na imprensa o desabafo do músico Junior Lima criticando o discurso de Jair Bolsonaro. Ele mesmo, o irmão da Sandy, resolveu apelar ao proselitismo para dar visibilidade à sua carreira, que se impõe mais em razão da polêmica do que das suas qualidades como músico .
No sábado que antecedeu à manifestação do músico, outro polêmica alavancou o ibope da turma contrária a Bolsonaro: Bruno Gagliasso demonstrou que não é só um rostinho bonito na tela e resolveu abandonar o ringue de galo do UFC em repúdio a presença do deputado no  evento. Patético.
O Brasil é um país esquisito. A Europa tem Pascal Bruckner e João Pereira Coutinho (só pra citar alguns) que balizam o pensamento contemporâneo no Velho Continente, mas por aqui a moçada escuta e se esbalda nas opiniões de boquirrotos mequetrefes como: Gagliasso, Junior Lima, Alexandre Frota ou de bibelôs da esquerda, como: Wagner Moura e Gregório Duvivier. 
Bolsonaro é um personagem político emblemático que conseguiu uma façanha: unir esquerda e direita em um mesmo sentimento de repulsa. A coisa funciona assim: ou você detesta o cara ou é reaça da pior espécie. Não há espaço para um pensamento fora desta polarização, numa demonstração clara que a imbecilidade não tem morada fixa. Pode estar à esquerda ou à direita.
Eu discordo das práticas políticas de Bolsonaro e de algumas ideias do parlamentar, mas respeito a forma como ele vê o mundo. A liberdade de pensamento e de expressão não existe apenas para as pessoas com cujos valores comungamos. A liberdade que só se exerce entre iguais é ditadura do consenso.


*Jornalista e escritor