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Poema: Rio Paraguai


Rio Paraguai

A navegação
Que faço comigo mesmo
Adeja 
Na direção 
De um continente 
Que não existe

II


Nas suas margens ondulantes

Distancio-me do rio,
Percorrendo as vias estreitas
Nas intersecções de areia
Com estilhaços de garças 

Elas assombram 

A margem que perdi

III


Vejo no remanso o espelho d’água

Com os sinais indecifráveis
Dos lugares onde não fui.

A brisa que me encobre

Desnuda o corpo que perdi
Na imagem que emerge do fundo das águas

Tudo fica muito longe

A terra firme não existe.
O Rio Paraguai sou eu.