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Ruben Figueiró: A polêmica do gás


Artigo publicado originalmente no Correio do Estado:

Pesarosos, estamos vivenciando momentos difíceis na economia de nosso Mato Grosso do Sul. Parte se deve pelo que vem extravasado da calamitosa avalanche das desbaratadas finanças federais; e outra, decorrente de uma estrábica decisão político-econômica por parte da diretoria da Petrobras – a nossa intocável Petrobras e que já foi um orgulho pátrio. Esta empresa desnucou a verticalidade de nossas finanças domésticas, levando preocupações fundadas aos nossos dirigentes estaduais.

Todos estão empenhados por encontrar um caminho que possibilite a recuperação do terreno perdido: O governador do Estado, a bancada federal e nós, cidadãos, a distância próxima, torcendo fervorosamente para que uma solução permita a volta à normalidade das finanças estaduais.

A propósito, me recordo que no exercício – extremamente honroso – do mandato de senador da República advoguei com entusiasmo pelo aproveitamento do gás boliviano que corria volumoso pelo Gasoduto Bolívia/Brasil – por 600 km pelo território sul-mato-grossense – para a instalação de uma usina de beneficiamento, ou duas, do gás natural, talvez em Campo Grande, essa para extração de dois tipos de seus subprodutos, o butano e o propano, e outra em Três Lagoas para o beneficiamento da Ureia. 

O butano e o propano para engarrafamento do GLP, o tão utilizado gás de cozinha. A ureia para a produção de fertilizantes que seria produzido pela pretensa fábrica da Petrobras em Três Lagoas – hoje um “elefante branco”.

Me recordo que a Petrobras, reafirmo sua diretoria de então, tudo fez para botar água fria na minha proposta. É longa a estória e não cabe no espaço deste artigo. Registre-se, porém, que a Copagaz que acompanhou todas as diligências tanto na Comissão de Assuntos Regionais do Senado como em audiência com o ministro de estado de minas e energia, sempre sob a liderança vanguardeira do senhor Ueze Zahran, se dispôs a responsabilizar-se pela implantação da usina. 

Sabe-se hoje da verdade, a Petrobras com a exploração litorânea da costa marítima brasileira não pode, como antes, queimar o gás extraído com o óleo negro. Isto para atender compromissos internacionais do governo brasileiro para a preservação do meio ambiente. É obrigado encanar o gás e comercializá-lo, daí seu desinteresse pelo gás boliviano. Sobra “bucha” para Mato Grosso do Sul.

Imagino que a Petrobras dificilmente modificará a sua atual política de restrição ao gás boliviano. Talvez seria conveniente o governo do estado direcionar-se para a iniciativa privada, nacional ou mesmo estrangeira, para que assuma os compromissos de exploração do gás boliviano.

A produção de mais de cem subprodutos do gás natural pode como se presenciou do interesse da Copagaz com relação à usina de beneficiamento se estender para a implantação de ramais que de Campo Grande se dirija para a Grande Dourados e Fronteira com o Paraguai; também daqui um grande ramal de gasoduto para Mato Grosso e até mesmo Goiás e Brasília. Isso inclusive foi discutido durante os debates no senado. Creio na iniciativa privada para obras de tal vulto como creio no horizonte atilado de nosso governador.

* Ex-deputado Federal e ex-senador da República.