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Uber deve ser regularizado em Campo Grande


Não dá para ser contra o Uber. O serviço, na maioria das vezes, é bom e barato. Só não gosta dele quem tem táxi. É uma concorrência desleal. 

O assunto, aliás, já rendeu polêmicas em quase todas as Capitais e cidades onde o aplicativo começou a funcionar, permitindo que os usuários fossem extensamente beneficiados, colocando uma faca no peito daqueles que cartelizaram o setor com frotas de táxis, explorando serviços caros, mão-de-obra barata e fortalecendo um corporativismo danoso quando se trata de interesses públicos versus privados. 

É compreensível os argumentos dos taxistas: eles pagam alvarás, impostos e taxas para atuar na cidade. Isso implica em tarifas elevadas por corrida. Mas tem benefícios como IPI reduzido e outras vantagens. Dá para apertar o torniquete.

O Uber é quase uma atividade clandestina, mas tem ajudado muita gente a driblar a crise crônica de emprego, cobrando barato para transportar pessoas, embora existam problemas vários que ocupam o atual cenário do debate: falta de segurança, ausência de regras legais de funcionamento, sem contar que não recolhem tributos específicos como qualquer atividade empresarial na cidade. 

Certamente, isso impacta nos preços cobrados dos usuários, que preferem pagar pouco para serem transportados pela cidade do que ter que andar de ônibus ou mototaxis, enfrentando os problemas de praxe. 

Outro dia fiz uma consulta formal de uma corrida de taxi até o aeroporto da cidade: de taxis pagaria cerca de R$ 58,00. De Uber, a corrida ficaria em R$ 20,00. Pergunte a qualquer pessoal por qual serviço ela optaria.

O Uber é um sucesso de público. Nos últimos dias tenho visto empregadas domésticas, lavadeiras, garçons, atendentes elogiando os serviços. É a modernidade em benefício do usuário. 

Tudo isso esbarra numa questão a ser pensada: os veículos do Uber usam a cidade como mercado. Usam a malha viária, a sinalização do trânsito, aproveitando-se das deficiências estruturais do transporte urbano. 

É um negócio como outro qualquer. Por isso, deve dispor de uma cota de funcionamento para garantir certo equilíbrio no mercado. Os táxis devem ter seu sistema de funcionamento repensado. Eles devem encontrar meios para baratear suas tarifas e serem competitivos. 

O Uber é uma realidade incontornável. Da mesma forma que o homem abandonou a máquina de escrever e passou a usar computador, o fenômeno da uberização segue o mesmo conceito. 

Mas para viver numa cidade e aceitar as regras civilizatórias deve-se pagar. Até para se ter um cachorrinho de estimação tem custos, imagine então ser transportado pelas ruas cidade. 

O prefeito Marquinhos Trad terá que enfrentar esse saudável dilema da modernidade: possibilitar a convivência harmônica com a multiplicidade de negócios que estão surgindo a partir das inovações tecnológicas. 

Discutir o assunto à exaustão é dever do setor público com as esferas privadas. Mas os motoristas do Uber devem compreender que não podem atuar na cidade sem que isso implique naquilo que é uma obrigação da cidadania: contribuir com sua cota parte para o bem coletivo. O resto é conversa fiada.