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Ódio de todos os jeitos e para todos os gostos


Leio na Folha de São Paulo do ultimo domingo: "Quero que os facínoras que fizeram isso contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas. Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui enterrando sua mulher não tem. Eu tenho a consciência tranquila. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que têm que provar que as mentiras que estão contando são verdade. Então, Marisa, descanse em paz, porque esse Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito por sua honra", afirmou Lula no enterro de sua esposa, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, para uma platéia atenta e inconformada. 

De qualquer ângulo que essas palavras possam ser lidas, elas remetem a um contexto de luta e ódio. Lula, na ocasião, poderia ter ficado em silêncio, naquele estado de contrição remissivo, típico dos santos quando estão sofrendo a dor de uma perda incomensurável. 

Ou poderia ter feito um discurso sobre o amor e a dor. Ou poderia mesmo ter conclamado as pessoas na direção da pacificação, na base do “eles não sabem o que dizem”. 

Mas Lula preferiu “quero que os facínoras que fizeram isso contra ela”, remetendo seu desabafo a um inimigo imaginário, fortalecendo aquilo que ele diz tanto combater: o discurso do ódio. 

Um espírito benigno poderia alegar que Lula fez um desabafo num momento de grande comoção. Pode ser. Mas a grandeza do homem se mede nessas horas. 

Sei que o evento da internação de dona Marisa e os dias que transcorreram ao seu falecimento, fizeram pipocar em todo o País manifestações típicas de sociedades primitivas. 

O caso mais notável foi o da médica do Sírio Libanês, Gabriela Munhos, que divulgou dados sigilosos do diagnóstico de Marisa nesse mesmo grupo, formado por antigos colegas da faculdade.

Além disso houve buzinaços, brincadeiras macabras nas redes sociais, e, consequentemente, reação de pessoas decentes contra esse tipo de coisa. 

Petistas e satélites entraram em êxtase para comprovar a tese renitente de ódio ao partido e às diferenças por parte da direita troglodita. 

Mas o discurso de Lula segue na direção de manter – e não abrandar – essa luta, o que nos diz que ele e seus amigos trabalham com a estratégia de quanto mais raiva, melhor. 

Não é coisa de quem deseja um outro País.