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Luciano Martins: Tempo ao tempo



“És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
...
Vou te fazer um pedido
...
Compositor de destinos
Entro num acordo contigo
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
E eu espalhe benefícios
...
Tempo tempo tempo tempo”
(Oração ao Tempo - Caetano Veloso)

“Oração ao Tempo” nos informa, em sublime poesia,
a medida necessária a se adotar em nossa jornada, e todos somos
cônscios disso, ocorre que o dia-a-dia com todas suas angústias
turvam a realidade, e isso, nos faz “premer o tempo”.
Tudo é para ontem!
Como assim!??
O ontem já foi.

A história é farta, entre embustes, ilusões e
vaidades, ele, o tempo, desfila sem se arranhar, sem o mínimo de
nódoa. Estrategicamente e sem açodamento, qual um jogo, a todos
consome sem esboçar o menor remordimento.

Não há se falar no tempo sem citar o fluxo de
informações que transitam na grande rede, tudo é instantâneo!!!
Fluidez, rapidez, quem chegará primeiro!!??? Vociferam, o tempo
sucumbiu, nós o dominamos!!!!!! 

Ledo engano, irritante e
pacientemente ele nos deixa jogar, sabe que a ampulheta não nos
pertence.

Assim, dia após dia o tempo lança suas investidas
das mais variadas formas. Como nos defender disso? Como nos
atinar a isso? Sensibilidade, acredito que seja isso.

Não faz muito, um irmão querido disse a seguinte
frase: “o tempo se encarrega de acomodar as abóboras na carroceria
do caminhão, de modo que uma não esmague a outra”.

Desse modo, adequando-nos ao modo que nos
permite sensitivamente ouvi-lo, curvo-me a ele, o Tempo, nesta luta
não há paridade de armas. Na mesma senda, conheço ao Senhor do
“chronus” e a Ele rendo graças.

Em síntese, em tudo o que se empenhar fazer, dê
tempo-ao-tempo, lembrando do intérprete e poeta, faz-se apenas
uma ressalva, se é que possível, receio de que o tempo não faz
acordos!

Força e Honra!