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Fábio Trad: Sem literatura, não há salvação


O governo estadual decretou a pena de morte da disciplina de Literatura na grade curricular das escolas estaduais.

A medida poderia ter sido evitada fosse o primeiro escalão do governo composto por pessoas que tivessem o mínimo respeito pelo hábito da leitura.

Incrível, mas comenta-se que a autoridade mais culta do governo Azambuja jura que Nietzsche foi um lateral do América Mineiro da década de 70 e que Saint-Exupéry é um antiácido milagroso.

Assim não dá ...

Sem literatura não há salvação, Governador!

A justificativa do seu governo para o assassinato da Literatura é cínica.

A reforma do Ensino Médio não obriga ao extremado gesto.

Somente uma consciência obtusa concordaria em privar a juventude sul-mato-grossense de conviver no ambiente escolar com Machado de Assis, Cecília Meirelles, Otto Lara Rezende e Manoel de Barros, só para ficar com os nacionais.

Convenhamos, Excelência, que são companhias bem mais interessantes que a entourage de “minotauros” que o adulam dia sim, dia também.

Será que Vossa Excelência não percebeu que estão jogando em seu augusto colo a autoria de um processo de raquitismo intelectual das novas gerações de sul-mato-grossenses?  Ou acha que com a supressão da disciplina de literatura, a juventude do nosso estado terá forças para romper os grilhões desta avassaladora onda de embuste cultural?

Governador, não desista da nossa juventude. Revogue o óbito da Literatura em nossas Escolas Estaduais.

Vossa Excelência tem duas opções:

a)    Assumir perante a História a autoria do assassinato da Literatura;
b)    acolher o nosso pedido de socorro;

Se o seu governo optar pela primeira alternativa, eis como sua gestão será lembrada pelos órfãos de livros:

“Eu preciso te ter,
Meu fechamento é você, mozão,
Eu não preciso mais beber,
E nem fumar maconha,
Que a sua presença me deu onda...”   (MC G15)

Se escolher a Literatura como expressão e marca de seu compromisso com o futuro de MS, replicaremos com orgulho e gratidão o que Jorge Luis Borges confessou:

“ A literatura não é outra coisa senão um sonho dirigido.”

Vossa Excelência decide!