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O crime do PRF Moon: pessoas erradas nos lugares errados


A imagem da arma acima é a da pistola taurus utilizada pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Moon, 47 anos, na fatídica madrugada ( 5 horas e 50 min.) de 31 de dezembro em que foi assassinado o empresário Adriano  Correa do Nascimento, 32 anos,  e ferido o adolescente Vinicius Cauã Ortiz Simões e Agnaldo Espinosa da Silva. 

Os depoimentos que fazem parte do inquérito policial são conflitantes. Moon disse que atirou em legítima defesa. As duas vítimas sobreviventes negam a versão e alegam que pediram várias vezes para que o policial não atirasse e que estavam desarmados. 

Tanto Vinícius como Agnaldo afirmam que os três haviam saído de uma boate e que haviam ingerido bebida alcoólica. Mas que tudo não havia passado de mal entendido. 

Enfim, uma briga banal de trânsito, na qual um veículo quase colidiu com o outro, na avenida Ernesto Geisel (completamente esburacada), quase esquina com a rua 26 de agosto, próximo ao Horto Florestal de Campo Grande.

Uma tragédia com dezenas de pontas soltas.

Pelo depoimento de Moon fica claro que ele escolheu uma profissão de risco e que há anos vive altos níveis de tensão. Ele nasceu em Pindamonhangaba (SP) em agosto de 1969. Seus país (Jang Chool e Gwee Ham Kim) nasceram na Coréia do Sul. 

Moon é solteiro e vive há pouco tempo no Estado.

Ele ingressou na Polícia Rodoviária Federal há 6 meses. Por cerca de dois anos foi policial civil em Mogi Guaçu (SP), atuando na área de investigação criminal, tendo participado na repressão do crime organizado e prendido gente graúda do PCC.

Recebeu elogios pelos seus trabalhos e mudou-se para o Mato Grosso do Sul para trabalhar na região de fronteira, atuando nas regiões de Corumbá e Anastácio. 

Moon já colocou na cadeia traficantes poderosos e cumpriu mandatos de prisão de criminosos de alta periculosidade. Ou seja, tem uma vida cheia de emoções.

Quando, na semana passada, quase colidiu com a camionete Hilux de Adriano Correa, agiu acreditando que estava sendo vítima de uma emboscada de traficantes. 

Pilhado, nervoso, armado e assustado não pensou duas vezes quando confrontado com um grupo de rapazes meio de porre: atirou 7 vezes para matar, acreditando que estava se defendendo. 

A partir daí, contou com o beneplácito de uma polícia e um judiciário complacentes. Todos os envolvidos parecem que estavam no lugar errado na hora errada. 

A sociedade sul-mato-grossense está indignada. 

Está sobrando desgaste até para o Governador Reinaldo Azambuja. 

As redes sociais estão fervendo.

Sabe-se que a polícia civil foi pouco cuidadosa no inquérito do caso. A delegada Daniela Kadis e o Juiz Andrade Neto (plantonista) parecem movidos por corporativismo e sentimento protetivo em relação ao policial. 

 A OAB-MS está disposta a partir para cima. Viu no caso impunidade ampla, geral e irrestrita. 

Vai propor representação contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça por conduta irregular na condução do processo, responsável pela soltura do policial, por não ter obedecido os ritos de audiência de custódia, decidindo individualmente sem ouvir os membros do Ministério Público Estadual.

A Associação dos Magistrados do MS (Amansul) reagiu. O Ministério Público Estadual requereu a prisão preventiva do PRF Moon.

Enfim, o caso tem alto poder explosivo e poderá ter conseqüências políticas imprevisíveis.