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Militontos da rede social: os filhotes de Goebbels


Tenho me divertido com os militontos da rede. Dou-me como exemplo. Basta que eu escreva um artigo, publique um release, um editoral, um texto de um colunista qualquer e poste-os na rede que aparecem, quase de imediato, comentários de personagens conhecidos, esgoelando contra tudo e todos. 

Sou informado que atualmente existem grupos políticos organizados que militam única e exclusivamente na rede prestando serviços para partidos, parlamentares, dirigentes de causas esquisitas, que vão da defesa de grilos na Cracóvia até à proibição rigorosa de sexo antes do casamento. 

Existem militontos das mais variadas correntes ideológicas. Certamente, fui marcado por alguns desse grupo pois qualquer coisa que publico lá vem os carinhas de sempre batendo, ofendendo, desqualificando, enfim, xingando a minha mãezinha, sem nem mesmo ler o texto em questão. 

Parece que se tornou um vício ler apenas o título e a chamada. Esse pessoal consegue produzir um efeito manada impressionante. Claro, muitos desses comentários são feitos pela mesma pessoa que, graças à imensa liberalidade da rede, cria vários perfis para espalhar sua meleca remunerada, inventando fatos, destruindo reputações, fazendo piadinhas de mau gosto. 

Nos fins de semana, reservo algum tempo para ler esse festival de besteiras que assola nossos computadores e celulares lembrando-me daqueles filmes em que estamos perdidos no bosque fugindo dos gorilas. 

Cheguei ao ponto de nomear meus detratores por apelidos que eu mesmo inventei: tem o "Che Guevara Ressentido", o "Mussolini de Saias", as "Suaves mãos de Temer", a "Louca de Itararé", o "Corno Absoluto", o "Menino Maluquinho", o "Bufão do Socialismo Utópico", as "Eternas Viúvas de Bernal", o "Amigo do Peito do Eduardo Cunha", a "Renan da Moral Alheia", o "Topete de Dilma", enfim, uma lista imensa que faz de minha vida uma irretratável diversão. 

Esse pessoal age como filhotes de Joseph Goebbels: eles acreditam que repetir uma mentira milhares de vezes conseguirão promover o milagre transformador da verdade absoluta em pão e vinho. 

Acredito no debate democrático. Adoro polêmica. Cultivo o senso crítico como um maná no deserto. Mas rede social e discussões substanciais não são coisas que combinam. Tratam-se dos mesmos elementos que separam entretenimento e cultura, ciência e misticismo, informação e conhecimento. 

Tudo bem, estamos na mesma nave. Mas ninguém precisa puxar a faca na gafieira.