Mário Sérgio Lorenzetto*: Os seguidores de Bernal
Os fatos são claros: Campo Grande vive o caos. Os raros números que surgem corroboram os fatos: Campo Grande está falida. Todavia, não se pode negar: Bernal é líder de uma parcela significativa de campo-grandenses. Como eles podem seguir um líder que age contra seus próprios interesses? É fundamental entender essa contradição.
A resposta é que depende muito do estado emocional das pessoas e da circunstância. Pessoas que se sentem isoladas e sem poder são vulneráveis a acreditar em líderes que tenham alguma dose de carisma.
Quando em grupo, nos tornamos mais críticos. Isso tem a ver com nossos instintos mais básicos. Se algo está correndo atrás de você na floresta, seguir seus instintos e correr, ajuda a sobreviver. Quem fica analisando a situação é morto. É mais natural responder de forma instintiva às emoções, muitas delas bem primitivas, como o medo.
Muitas pessoas se recusam a aceitar os consensos científicos. Tendem a concordar com seu líder sem analisar os fatos. Esse tipo de líder costuma explorar a vulnerabilidade humana. Capitalizam a necessidade de ter um inimigo comum.
Nossa percepção de risco é emocional, não racional. É por isso que as pessoas respondem melhor às histórias do que às estatísticas. Assim elas não veem como uma decisão pode afetar ela mesma. É essa a artimanha do Bernal. Um emérito contador de histórias bruxuleantes.
De nada adianta mostrar números ou buracos.
Bernal é aquele que conseguiu unificar todas as vertentes políticas da raia do petismo. Esqueçam de combatê-lo com fatos, ele trabalha com simples emoções. São aqueles que negam a realidade até a sepultura.
*Ex-secretário de Receita de Campo Grande e ex-Secretário de Fazenda de Mato Grosso do Sul.