Cláudia Wild:A canonização de Zavascki
Ao me deparar com inúmeras postagens sobre a canonização póstuma do ministro Zavascki, confesso que fiquei surpresa.
Parece que os brasileiros sofrem de “memória curta na forma aguda”.
Logicamente que sua prematura morte foi uma perda para seus filhos, família, amigos e companheiros do STF e de ideologia. Óbvio que me condoo com a dor alheia, mas sei exatamente diferenciar a perda humana da perda institucional.
Teori Zavascki na minha humilde opinião, não passará para a história como um herói brasileiro ou como aquele que tentou moralizar a República através de seu ofício. Zavascki era um homem alinhado com a esquerda e seus ideais. Foi um ministro que não poupou esforços para dar uma interpretação forçosamente benevolente quando os réus partilhavam da sua mesma orientação político-ideológica.
Lembram dos famosos “Embargos Infringentes“ na ação penal do Mensalão?
Lá estava ele, firme e forte na interpretação pró-quadrilha petista.
Lembram da ação para garantir a quase impunidade para José Dirceu e Delúbio Soares?
Lá estava ele a postos para entender o comportamento destes criminosos e apressar suas saídas do xilindró.
Lembram do caso do áudio escandaloso envolvendo o ex-presidente Lula e sua “criatura” Dilma Rousseff?
Ele foi uma voz destoante para censurar a conduta irrepreensível do juiz Moro e sua atuação profissional, a fim de proteger a dupla das garras da justiça.
Lembram do processo, em que poderia ter culminado com a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva?
Ele fez questão de abortar esta possibilidade e garantir que o acusado respondesse pelos crimes em completa liberdade, apesar das inúmeras e graves acusações existentes e que autorizariam uma eventual prisão preventiva.
Ele acertou também! Proferiu votos significativos e relevantes, mas muito longe de ser um expoente impar da nossa magistratura. De uma forma geral, ele, Teori, foi um juiz que abraçou a causa petista e em razão dela foi escolhido para atuar. Fez questão de ser discreto, mas não o suficiente para esconder suas tendências ideológicas, que muitas vezes se viram refletidas em suas decisões.
Portanto, muita hipocrisia e amnésia neste momento tentar fazer dele um herói da República, um magistrado perfeito e que apenas atendia aos interesses do país e da justiça, quando na verdade tinha nítidas preferências partidárias e se deixou influenciar por elas.
Respeito a dor de seus entes queridos, mas não compactuo com a comoção histérica da morte de um herói inexistente. Tribunais não são locais indicados para a política.”
Advogada.