Pages

Trégua para Azambuja


Encontro um amigo que sempre me foi extremamente generoso e afetivo que me diz: "dá um tempo para o Azambuja, coitado, você tá batendo demais! Ele deve estar muito chateado com você!". 

Ele colocou as mãos nos meus ombros, os olhos rutilantes, me fuzilando, meio aflito, parecia uma águia, e continuou: "você está esculhambando o cara todos os dias, isso cansa o leitor; a gente olha o seu blog e sabe que você vai bater, criticar, esmigalhar, pô!, dá um tempo!, estou ficando com pena, o homem está se acabando..."

Eu sorri meio sem graça, e respondi: "tudo bem, a partir de hoje até o ano-novo, 31 de janeiro, em nome da solidariedade natalina, só vou elogiar, vou celebrá-lo como o melhor governador do País, um homem de bem, administrador competente, sujeito que merece todos os louvores do mundo!", brinquei. 

Aí o amigo retrucou: "também não precisa exagerar, mesmo porque ele não merece nenhum elogio, nenhuma consideração, o homem é um pulha, entendeu?, um pulha! Não merece respeito , enganou todo mundo!".

Aí quem não entendeu nada fui eu: "ué! você não está me criticando porque estou batendo demais, cansando os leitores, não dando espaço para o homem respirar!..."

O amigo me interrompeu, esfregando as mãos, ansioso, cheio de mesuras: "...olha, eu sei, você está correto, o cara merece levar muito cacete, o resto da imprensa o protege, mas considere uma coisa - é natal, festas familiares, fraternidade, você sabe como é: até a República de Maracaju merece uma trégua..."

Concordei, reconheci a bondade da alma do cidadão, suas preocupações políticas, enfim, seu pedido inexorável, mas nem bem respirou direito, voltou à carga: "um conselho que vou te dar, preste atenção, não fale nada do Azambuja!, nem bem nem mal, deixe ele seguir em frente, coitado, ele está tropeçando nas próprias pernas, mal assessorado, mais perdido do que a Nau Catarineta, no meio de uma crise nacional tremenda!...deixa ele quieto, o povo já percebeu que ele é um idiota...pra quê massacrar mais? pra quê ficar esfregando todos os dias a merda na cara dele?..deixe ele um pouco em paz..."

Olhei para meu amigo, homem com 30 anos de experiência em assuntos políticos a mais do que eu, tendo sido deputado, secretário de Estado e senador, enfim, uma pessoa que aprendeu a ser boa e generosa com o passar dos anos, e pensei comigo: "ele está sendo sincero ou irônico? Ele está me advertindo ou querendo ver o circo pegar fogo? Está pregando moderação e prudência ou batendo os pinos da alegria em nome de alguma vingança secreta?"

Fiquei em dúvida. Pelo sim e pelo não, considerei: meu amigo está correto. É natal. Que reine a paz entre os homens.