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Seria mais inteligente não desprezar a inteligência dos manifestantes


A mídia, os espertinhos de esquerda, os especialistas de holofotes e os oráculos de fachada deviam prestar mais atenção em manifestações como essas que ocorreram neste domingo em vários pontos do Brasil. Se foram cinco, dez, vinte ou trinta mil, isso é irrelevante. O buraco está muitos palmos abaixo do que se imagina a nossa vã filosofia. 

É preciso enxergar a percepção que move essas massas. Nos Estados Unidos não perceberam a entrada triunfal de Trump no cenário. Na Inglaterra, não olharam direito por onde entrou o Brexit. E assim a coisa vai...

Sinto que no Brasil é importante olhar a história recente e revolver às jornadas de junho de 2013. Naquela ocasião, a pauta era difusa. Depois, corporificou no "Fora Dilma"; em seguida, as esquerdas tentaram corporificar o "Fora Temer". Não colou. Quem sabe lá na frente...

Nesse meio tempo, mandaram Eduardo Cunha pra cadeia. A bola da vez é Renan e o Congresso. Atacar o Ministério Público e o Judiciário com o argumento de que as pessoas não compreenderam a figura do "abuso de autoridade", inserida de contrabando nas 10 medidas anticorrupção, é de uma burrice espetacular. 

Nós, jornalistas, acadêmicos, formadores de opinião, devíamos tentar mergulhar nos fatos e compreender (e não julgar) a natureza do ambiente para tentar formular ideias novas com esse material que está sendo produzido nas ruas e redes sociais. 

A classe política não sabe como interpretar a novidade que representa essas alterações concretas de  comportamento da sociedade. Ela acha que é humanamente difícil parar de roubar. Por isso, vem tentando sobreviver criando medidas estranhas na calada da madrugada.

Os erros primários como os vídeos da deputada Tereza Cristina (que chama a opinião pública de pouco esclarecida) e a do senador Requião - que manda os eleitores comer alfafa, xingando-os de "mentecaptos manipuláveis" - mostram como a classe política brasileira não consegue nem fazer uma análise rudimentar sobre o que está se passando na realidade. 

No decorrer dessa semana Renan e a turma do barulho tentarão voltar à carga. Será possível enxergar a falta de limites e a  imbecilidade dessa gente neste final de ano febricitante no País. 

Não acho que o Juiz Sérgio Moro esteja correto em tudo que faz. Mas seu recado de que "não é o momento" de se votar uma lei que sinaliza uma trava na na Operação Lava Jato isso qualquer cidadão, no domínio pleno de suas faculdades mentais, é capaz de entender. 

Menos os gênios do Congresso Nacional.

Realmente, eles não estão entendendo nada.