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Discurso: Marquinhos mostra sua diferença no ato de diplomação


"A população está cansada de ouvir discursos que celebram uma realidade que não existe."


O discurso pronunciado pelo futuro prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, na última sexta-feira (16/12), no ato de diplomação do Tribunal Regional Eleitoral,  foi um alento. Quem esperava uma seleção de lugares-comuns ficou surpreso. 

O homem mostrou que tem talento e sabe pontuar as coisas certas nos momentos adequados. Finalmente, alguém que pensa e sabe falar coisa com coisa no comando da Capital.

Trad mostrou-se estar a anos luz à frente da média de nossa classe política.

Ele conseguiu, em sua fala, sintetizar o cerne dos problemas estruturais de nossa realidade e apresentar à sociedade organizada uma clareza inédita de seus dilemas. Mais: Trad sabe quais problemas enfrentará de agora em diante e pronuncia-se com coragem frente a eles: "esse é o tempo do mérito e não o tempo do medo".

Marquinhos conseguiu fazer uma abordagem simples e clara dos nossos problemas institucionais, reiterando que não é o momento para conflitos, mostrando que a crise é tão intensa que o mais importante é pensar no conjunto e não deixar prosperar apetites individuais.

Pediu paciência à sociedade.

Até onde a vista alcança seu discurso foi de Estadista, ou melhor, foi de um homem extremamente sintonizado com as demandas da modernidade, de uma pessoa que tem clareza dos compromissos com a responsabilidade fiscal e com as prioridades emergenciais da Capital.

Na minha avaliação, Marquinhos teve um bom começo. Estou achando que o campo-grandense fez uma escolha satisfatória nas últimas eleições. Vamos acompanhar os próximos lances.

Abaixo os principais trechos do discurso:

"A história não é uma linha reta. Como sabemos, será um percurso árduo, difícil, de idas e vindas, repleto de complexidades, que exigirá de cada um de nós uma profunda revisão de conceitos e de atitudes.

Por esse motivo, tenho pregado parcerias, união, diálogo e coexistência fraternal entre todos aqueles que querem construir um Mato Grosso do Sul melhor, uma Campo Grande melhor, um Brasil melhor.

Esse não é o momento de colocar disputas mesquinhas e interesses localizados acima da cidade e do Estado. Esse não é o momento de conflitos. 

Esse não é o momento de divergências e embates.

Esse não é o momento de dissenso. Esse, na verdade, é o momento de consenso, de convergência, de soma e de diálogo.

Esse é o momento para ficarmos com o espírito aberto. É o momento para ouvir e aprender.

É o momento de debater propostas, ideias e ouvir críticas construtivas que emanam da sociedade civil organizada.

A classe política dissociou-se perigosamente das pessoas comuns. As pessoas querem mudanças que o próprio sistema – atrasado e burocratizado – não permite que se faça.E mudar o sistema, meus amigos e amigas, tem demorado mais tempo do que as pessoas estão dispostas a aceitar.

A população está cansada de ouvir discursos que celebram uma realidade que não existe.
Ela perdeu a fé no homem público.Pior: as pessoas perderam a capacidade de acreditar nos homens de bem. Elas colocam em dúvida a governabilidade. Elas não conseguem separar o joio do trigo.

Elas não sabem mais em quem confiar.

Essa será a nossa grande missão: resgatar a crença de que ainda existem homens públicos que perseguem a virtude e lutam pelo bem comum. Que conseguem diferenciar o que é interesse público e o que é interesse privado.

Que conseguem, acima de tudo, ser transparente – não para abrilhantar sua retórica –, mas para se colocar lado a lado da sociedade para defender sua vontade e prioridades.

Nós, A CLASSE POLÍTICA, que representamos a população temos que nos adaptar a isso, não se rendendo aos aspectos negativos dessa onda, mas compreendendo-a de maneira a transformá-la na direção do civismo, da ética da responsabilidade e da construção de um mundo melhor.

O ano de 2017 será extremamente difícil e turbulento para os municípios, para os Estados e para a União. As turbulências de ordem política e judicial marcarão os movimentos sociais em direções as quais ainda não conseguimos imaginar. Não sabemos claramente o que poderá acontecer.
Temos que ter fé em Deus e acreditar que vamos encontrar as melhores saídas que o momento exigir.

Precisamos fazer um esforço imenso para encontrar as melhores respostas para todos os questionamentos que nos fazem. Vamos encontrar os melhores resultados para as demandas apresentadas.

Peço um voto de confiança da sociedade. A economia poderá demorar a reagir diante das medidas que estão sendo tomadas pelo governo federal.

Para que possamos voltar a crescer e vitalizar os investimentos sociais necessários para garantir educação, saúde, segurança pública e qualidade de vida, haverá que se tomar medidas duras, complexas e, para aqueles que defendem velhos privilégios, inaceitáveis.

Todo e qualquer governante terá que ser tolerante com as justas ansiedades e reivindicações da sociedade, sabendo a hora de dizer sim e de dizer não. Infelizmente, não vamos poder dizer SIM a tudo e não vamos poder dizer NÃO ao direito inalienável de todo cidadão de ter bons serviços prestados em troca dos elevados impostos que paga.

Toda eleição se funda no estabelecimento de um contrato social entre aqueles que se elegem e aqueles que foram eleitos.Recebemos dos eleitores um crédito de confiança e credibilidade que deve ser gasto ao longo do mandato.

O conceito de mandato não tem mais a perenidade do julgamento de quatro anos. O mandato é uma construção diária. Ele tem valor efêmero. Todos os dias somos julgados. Por essa razão, senhores e senhoras, não só espero garantir a manutenção desse contrato que fiz com a cidadania como honrá-lo em todas as suas letras.

Por isso, peço mais uma vez a confiança de todos. Tenho certeza que serei o melhor prefeito que essa cidade já teve.

Sei, desde já, que terei que ser paciente e pedir paciência. Terei que ser democrático e, ao mesmo tempo, não ter medo de tomar decisões. Nesse sentido, esse é o tempo do mérito e não o tempo do medo.

Esse é o tempo em que todos nós seremos testados em nossa grandeza e teremos que responder diariamente se somos ou não capazes de enfrentar o desafio.

Vamos assumir a prefeitura de Campo Grande a partir do dia primeiro de janeiro num momento especial de nossa história.

Temos que dar respostas imediatas a inúmeras demandas emergenciais, sem perder a noção do eixo estrutural de nossa principal proposta: priorizar o atendimento à população mais carente em suas necessidades básicas e, ao mesmo tempo, criar um ambiente de prosperidade e modernização dos aspectos urbanos de nossa cidade.

Como sabemos,  a cidade não é uma unidade estática. A cidade é um organismo dinâmico, transformador, dialético.

A cidade é um ente político que faz da cidadania um exercício diário de convivência entre seres humanos que pensam de maneira diferente.

Os problemas de uma cidade são contínuos. Eles nunca acabam.

Eles nunca são solucionados por inteiro.

À medida que encontramos soluções para um,  logo em seguida surge outro.
Muitas vezes soluções pontuais geram novos problemas.
Esse é o dinamismo do processo urbano. Assim tudo funciona.

A função de todo administrador público é criar marcos estruturantes.
Temos que olhar a cidade no seu contexto histórico. Temos que compreender como o passado impacta o presente e como o presente vai criar os cenários do nosso futuro.

Montamos nossa equipe de transição com essa perspectiva.

Esse grupo de trabalho buscou compreender cada detalhe da administração municipal, nos campos da saúde, educação, segurança pública, moradia, urbanismo, trânsito etc., para, dessa maneira, estabelecer ações de curto, médio e longo prazos visando atender aos anseios da cidade nos próximos quatro anos.

O futuro prefeito terá que atuar sob a tutela da urgência e da emergência.
Por isso, a transição se constituiu num ato de racionalidade, equilíbrio e ponderação.
Por isso, a transparência de informações norteará cada passo a ser dado pela Comissão.

No momento da transmissão dos cargos entre os chefes do Executivo municipal, o conjunto informativo disponível deverá ser suficiente para garantir que a máquina pública esteja preparada para se adequar ao novo programa de Governo a ser implantado nos próximos anos, em conformidade com as propostas debatidas no último pleito eleitoral.

É fundamental que fique claro que estamos contando com a colaboração da equipe do prefeito Alcides Bernal, que tem se colocado à disposição para ajudar a fornecer informações e dirimir as dúvidas apresentadas.

Há consciência de que esse é essencialmente um trabalho de responsabilidade funcional e de responsabilidade com a cidadania, não cabendo a ideia de que possa haver deliberada ocultação de elementos que venham, a posteriori, revestir-se em surpresas não previstas na fase transitória.

A transição que estamos preparando para Campo Grande vem sendo realizada com o sentimento colaborativo e democrático, visando a criar saídas consistentes para os problemas apresentados.

Não haverá soluções mágicas.Nossa verdade é o orçamento. As receitas devem ser adequadas às despesas. Para tornar essa realidade possível teremos que fazer um esforço para ajustar as demandas à realidade orçamentária.

Dentro desse contexto, vamos escolher as prioridades: saúde, habitação, mobilidade urbana, educação e segurança pública.

Haverá um período de adequação necessária para garantir a fruição de recursos para os setores prioritários.

O novo secretariado deverá se ajustar à nova realidade que será apresentada.
Temos compromissos inarredáveis com a responsabilidade fiscal e temos clareza das dificuldades que vem pela frente.

Pessoas pessimistas me dizem: Marquinhos,  você se tornou prefeito num dos piores momentos de Campo Grande.

Não considero isso uma má sorte nem uma fatalidade.

Considero isso uma dádiva.

Deus me testará em todos os sentidos.

Tenho certeza que isso vem para me engrandecer, para me tornar um ser humano melhor, mais justo e mais sábio.

Por isso, pedirei à cidade que acompanhe nossa administração com o sentimento positivo de que desejamos acertar, fazer o melhor, atuar corretamente para que tudo ocorra conforme o planejado.
Não vamos esmorecer.

Vamos lutar para tornar Campo Grande o melhor lugar do mundo para se viver.

Muito obrigado"

 (16/12/2016)