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A foto de Aécio e Moro


Vou dar um exemplo trivial: você teve uma separação litigiosa, repleta de brigas e conflitos. A coisa ficou tão feia que a relação com a ex-mulher transformou-se em ódio mutuo. 

Houve processos na justiça de toda ordem: tentativa de agressão, discussões infindáveis sobre guarda de filhos, divisão de bens, enfim, tudo aquilo que se sabe que pode acontecer quando um casamento acaba. 

Do matrimônio original, a única nesga de amor que restou foi uma filha. 

Essa filha um dia decide se casar e faz uma festa. Você já se casou duas vezes, está com namorada nova e a sua ex-mulher desfila com novo maridão na praça. Coisas triviais. 

Na festança de casamento, você e sua ex são os padrinhos naturais do casamento. Lá pelas tantas, todo mundo relaxado, a bebida correndo solta, a música alta, os convidados se divertindo, vem a sessão de fotos. 

Logo em seguida, você dá um sorriso para a ex-mulher e, para agradar a filha, que está feliz da vida, dá um beijinho no rosto dela. Tudo é fotografado. 

No dia seguinte, um parente espírito de porco, pega a foto e publica no facebook, com a seguinte pergunta: "será que eles vão reatar o casamento?". Bem, não é preciso dizer o tamanho do escândalo familiar que esse tipo de imagem gera. 

Vamos agora à festa da Isto É. Lá estão centenas de autoridades. O mais estrelado deles é o Juiz Sérgio Moro. 

De repente, o mineirinho senador Aécio Neves avisa seus assessores de imprensa e segue em direção ao magistrado, senta-se ao lado dele para cumprimentá-lo: fotos, muitas fotos. 

No dia seguinte, algum adepto da pós verdade diz nas redes que ali está a prova de um grande acerto a conspirar contra a esquerda brasileira. Essa turma, que não é fácil, viraliza a imagem. 

Bem, não é preciso contar o resto da história...

E se fosse Lula cumprimentando José Dirceu? E se fosse Dilma cumprimentando Marcelo Odebrechtt? E se fosse o capeta beijando São Francisco de Assis? Eles perguntam. É isso mesmo: o mundo viria abaixo até a próxima foto bombástica mostrando outros personagens.

A foto em si não tem a mínima importância. O contexto em que a inserimos depende do caráter de quem elocubra suas teorias. 


Simples assim. A Kia e a Isto É agradece o merchandising.