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Transição transitória


Vamos por parte: o mundo está uma porcaria. O Brasil está afundando. O Mato Grosso do Sul sofre os efeitos residuais dessa barafunda. Campo Grande situa-se no microcosmo desse processo. 

Quem é conformista, defende a famosa tese do caminhão carregado de melões. Tem que haver algumas chacoalhadas para as frutas se ajustarem. Isso é histórico.

Quem é alarmista, antevê o caos logo ali na esquina e acha é preciso fazer alguma coisa para mudar o rumo. 

Quem é paranoico acredita na conspiração urdida nas coberturas da Trump Tower para transformar o planeta no inferno. 

Quem não está entendendo nada - como esse locutor que vos fala - a melhor solução é deitar e dormir pelos próximos dois anos, esperando acordar para descobrir se está vivendo num mundo melhor. 

Não tenho a mínima ideia do que pode acontecer. Não sei se a dita "onda conservadora" nos levará de volta aos costumes medievais. 

Não sei se o presidente Temer permanecerá no poder durante o ano de 2017. Não sei se Lula vai ser preso.

 Não tenho a mais pálida noção se a Operação Lava Jato será responsável pela transformação de nossas penitenciárias em resorts de luxo, como não tenho informações de cocheira que possa garantir que  Renan fará um novo implante capilar. 

Não antevejo a aprovação do ajuste fiscal, muito menos da lei anticorrupção. Não tenho bola de cristal para saber se vão anistiar o caixa 2. Não consigo vislumbrar alterações milagrosas na economia muito menos no comportamento dos políticos. 

Não tenho o mais remoto transe de que o Juiz Sérgio Moro possa invadir o Palácio do Planalto montado no cavalo branco de Napoleão. 

Não sei se Azambuja vai mandar embora seus capitães do mato e refundar a República de Maracaju. 

Não sei também quem será o secretariado de Marquinhos Trad, muito menos o que ele fará para tentar tirar a cidade do buraco lunar em que se encontra. 

Não pergunto nem respondo sobre questões que não me pertencem. Só questiono ou critico assuntos que me perscrutam e me assombram. 

O que está fora mexe com o que está dentro e assim por diante. O tempo segue por contra própria nas suas próprias vicissitudes. 

No fundo, no fundo, deixei de pensar o mundo em termos de problemas e soluções. 

Adotei como filosofia a ideia central de Parmênides de que "o que é, e também, não pode ser que não seja" e o que "não é, e também, é preciso que não seja". Ou seja: o que é é; e o que não é, não é. Simples assim.

Sigamos em frente...