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O que começou com o tucanato agora fede nas mãos de Corrêa e Orro


Quem começou essa história de irregularidades e anormalidades no quadro funcional da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul foi o candidato-laranja do tucanato Athayde Nery Freitas (PPS), num famoso debate no primeiro turno eleitoral. 

O presidente da Casa, Júnior Mochi, na ocasião, ficou feliz da vida, exatamente porque a confusão atingia o principal adversário de seu grupo (Marquinhos Trad) e favorecia um outro projeto político que só seria possível com a eleição de Rose Modesto (essa é uma outra novela).

No primeiro momento, a denúncia em torno do tema sobre as irregularidades funcionais de Trad assombrou a Assembléia. 

Depois, numa jogada política esperta, houve reversão de expectativas porque daí nasceu o pedido de CPI dos Fantasmas. 

Os deputados estão meio emperrados nessa fase: avançam ou não nesse assunto. 

Tem ali um jogo combinado para tentar esvaziar a questão, fazendo com que ela morra de inanição. (Cuidado com essa brasa, professor Renato Câmara).

Mas eis que surge a história da gravação telefônica entre os deputados Paulo Corrêa (PR) e Felipe Orro (PSDB) combinando uma malandragem, em 2015, para fraudar a presença de servidores nos seus respectivos gabinetes. (reportagem midiamax)

Olhando por alto, tanto a denúncia bombada pelo tucanato no período eleitoral como a revelação do grampo involuntário feito pelo telefone de um pastor entre os dois parlamentares devem ser debitadas na mesma conta. (reportagem campograndenews)

Quem frequenta nos fins de tarde o parque dos Poderes deve ter ouvido milhares de vezes os quatis e capivaras que lá vivem em harmonia comunitária comentarem que, se todos os funcionários da Assembléia fossem trabalhar nos respectivos gabinetes teriam que mandar construir mais 6 andares para proceder a acomodação dos espaços com a quantidade de gente. 

A denúncia feita pela boca maldita de Athayde (turbinada por tucanos de alta plumagem durante a última campanha eleitoral) e a conversa entre Corrêa e Orro são uma simples peninha que, se puxada, poderá revelar mais do que o galinheiro inteiro. 

Está tudo dentro do mesmo contexto.

Há muitas décadas a Assembléia Legislativa transformou-se no valhacouto de nosso patrimonialismo mais abjeto. A atuação teatral dos deputados sobre o tema em pauta no decorrer dessa semana revela o apego desmedido ao empreguismo, fisiologismo e outras práticas pouco ortodoxas. 
Nem os puros do PT escapam.

Bom sinal que a OAB-MS tenha entrado nessa história. Seria melhor ainda que houvesse a aparição do Ministério Público na sua plenitude e - residualmente - do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário para ver até onde tudo isso vai. 

O primeiro passo a ser dado seria a publicação ampla, geral e irrestrita dos nomes, funções, lotação e salários de todos os funcionários da Casa. 

Com isso, teríamos um vislumbre do conjunto a obra.

A sociedade sul-mato-grossense precisa saber da verdade verdadeira.