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Marquinhos dá seus primeiros passos fazendo o óbvio: dialogando.


O prefeito eleito Marquinhos Trad começou a semana da maneira mais politicamente correta possível: dialogando com Alcides Bernal, com o governador Reinaldo Azambuja, com vereadores eleitos, enfim, com todos aqueles que estão com as feridas abertas após um processo eleitoral desgastante e extremamente tenso. 

Na noite de domingo o novo prefeito participou de uma reunião informal com  sua equipe de marketing num bar famoso da cidade e, num discurso rápido de agradecimento, juntamente com sua esposa, desabafou sobre as agruras e denúncias da campanha. 

Ele disse que houve momentos  em que "precisei  lutar comigo mesmo para me levantar da cama e ir para as ruas"dado o abalo emocional que estava sofrendo com ameaças e ataques,  gerando um quadro de instabilidade em seu ambiente familiar. 

Naquele momento, o desabafo de Marquinhos demonstrava com extrema clareza o impacto da estratégia de desconstrução sistemática de sua imagem. 

Mesmo para um político tarimbado, seu depoimento pessoal, num ambiente fechado e com a equipe de profissionais de sua confiança, mostrou que ele havia sido pego de surpresa pela ferocidade da campanha adversária. 

Ele afirmou que esperava algo mais brando e honesto. 

Marquinhos contou que nessa hora apegava-se em suas crenças religiosas para poder "suportar mais um dia de campanha". 

Diante disso, é provável que as conversas protocolares que o futuro prefeito manteve ontem não apaguem tão cedo as mágoas dos últimos meses. 

Tudo indica que para ele ficou claro até onde pode ir seus adversários nos momentos de disputa pelo poder. 

Se isso vai balizar ou não estratégia administrativa de Campo Grande, não se sabe. 

O que Marquinhos confidencia é que o momento exige prudência, clareza e abertura de espírito porque o quadro econômico é grave e ninguém conseguirá "fazer nada fomentando conflitos". 

Trad parece ser mais maduro do que Alcides Bernal.  

Diferenças à parte, ele reconhece que o atual prefeito foi um aliado "estratégico" para que pudesse vencer Rose Modesto. Tudo indica que as relações entre ambos são pacíficas e convergentes e que haverá uma transição produtiva. Espera-se.

Bernal pode ter todos os defeitos do mundo, mas compreendeu que terá que fortalecer sua aliança com Marquinhos para não terminar seu mandato de maneira desastrosa. Ele aposta que isso renderá frutos políticos no futuro. 

Reinaldo Azambuja terá o ano de 2017 para refazer seu Governo e deve ter Marquinhos como parceiro, pois não seria conveniente sinalizar para a população do maior colégio do Estado que assuntos políticos possam prejudicar programas administrativos. 

Marquinhos sabe que está fortalecido e Azambuja sabe que está fragilizado. 

Mesmo assim, não é momento para disputar nada e sim fazer a melhor transição possível porque Campo Grande precisa respirar algo além do miasma deixada pela última campanha eleitoral.