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Alexsandro Nogueira: A que ponto chegamos

João Batista Figueiredo em visita ao Rio Grande do Sul, no fim de seu mandato presidencial

Minha última conversa com o jornalista Sandro Vaia foi sobre intervenção militar no Brasil. Na opinião dele, o fracasso da ditadura e o fim da Guerra Fria desarticularam, na teoria e na prática, qualquer doutrina que aproxima as Forças Armadas do Planalto. 

O contraponto aos argumentos de Vaia apareceu de forma explícita e desordenada nesta semana quando um grupo de 50 delinquentes invadirem a Câmara dos Deputados pedindo a volta de um grupo armado ao comando do país. 

Gente babando na gravata enfrentou a polícia da Casa gritando “queremos general” e cantando loas ao juiz Sérgio Moro, que se transformou numa espécie de super-herói pra essa turma de babacas. 

Mas quem seriam os mentores desses delinquentes que usam a internet e as redes sociais como um bueiro sujo insuflando cidadãos a transgredir a democracia? 

Uma matiz do fascismo que anda por aí e que não disfarça a própria loucura. São de extrema direita? Provavelmente sim, mas não representam o pensamento da direita que foi às ruas pedir o impeachment de Dilma.  

Sandro Vaia faleceu em abril deste ano, mas deixou um legado de pensamentos que confirmam situações como essa, em que pedem intervenção das forças armadas no Brasil: “A estupidez e a imbecilidade não tem morada fixa. Pode estar à direita, com os que pedem a volta do militarismo, ou à esquerda, com quem defende a tese de que o PT é vítima de um golpe”. Simples assim.

*jornalista e escritor/Campo Grande -MS

Jornalista Sandro Vaia, Diretor do Estado de São Paulo.