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O que significa jogo pesado numa campanha eleitoral

Eleitores que não vivem o dia a dia da política perguntam sempre: o que é esse tal de "jogo pesado" que vocês jornalistas tanto falam e escrevem numa campanha eleitoral? Qual é o significado desse termo?

Vou tentar traduzir: saia às ruas e veja a quantidade de pessoas adesivando veículos, sacudindo bandeiras e gritando o nome de um dos candidatos. 

Repare: a maioria não é militante partidária. Nada disso. São jovens desempregados, ou subempregados, que foram contratados para um trabalho temporário, coisa de duas semanas. 

Elas fazem volume nas esquinas e dão a impressão de que a candidatura que ostentam e defendem é capaz de vencer as eleições. Imagem é tudo, lembram?

Quanto custa isso? Muito dinheiro. Dinheiro de corrupção, de Caixa 2 e até do crime organizado. 

Pode-se provar? Como afirmou o Ministro Gilmar Mendes, recentemente, muito difícil. Quase impossível. Por isso, todos são inocentes até prova em contrário.

O custo desse exército é muito caro: comida, bebida, transporte etc,etc,etc. É possível fiscalizar? Não. E os coordenadores das campanhas sabem disso.

Pelas informações disponíveis, Rose Modesto, por exemplo, na semana passada, está colocando mais de 5 mil desses "apoiadores" na praça. 

Somam-se a esses mais de 7 mil servidores públicos em cargos comissionados. Todos segurando um adesivo nas mãos, com a ordem de não voltar com nenhum pra casa, pregar todos, custe o que custar. Caso contrário...

Se precisar entrar com dinheiro para que o sujeito pregue o adesivo, que seja. 

Há também um grupo especializado (cerca de 500 pessoas) em percorrer os bairros e bater de porta em porta na casa de gente humilde. 

Depois de verificar as condições do eleitor e suas preferências, é-lhe oferecida uma "ajuda de custo" para ele ser "fiscal" de votação no dia da eleição. Os valores variam de R$ 100,00 R$ 200,00. 

Se ele for beneficiário de algum benefício social (bolsas diversas) do governo do Estado, recomenda-se dizer que o candidato adversário vai acabar com tudo. A ameaça deve ser explícita.

Há também os grupos de redes sociais: inventando curtidas e comentando sites de notícias. Tudo serviço pago. Hoje descobriu-se que Rose Modesto comprou mais de 700 curtidas fakes de pessoas oriundas de outros Estados esse final de semana. Não dá para saber o custo disso. Mas é caro.

Isso sem contar o surgimento de blogs de última hora com falsos jornalistas cometendo "análises" políticas. 

Junte-se tudo isso e coloque no meio uma justiça eleitoral amorfa e omissa. Não se fiscaliza nada e ninguém é punido. Vive-se no universo das vistas grossas. 

No final, o eleitor tem todo o direito de perguntar: que democracia é essa?

Informam-se aos incautos que isso não é democracia: é apenas jogo - "pesado" - de poder. 

E durmam com esse barulho.