Pages

O que as urnas sugerem


Olhando os resultados das eleições de Campo Grande pode-se dizer, com alguma margem de certeza, que o potencial de votos contra Rose Modesto (e o governismo que ela representa) significa algo em torno de 270 mil eleitores. 

Ou seja: isso significa a maioria dos 480 mil votantes que, de certa maneira, disseram não à ela e ao PSDB. 

Até que ponto essa maioria fluída pode mudar de acordo com o andamento da sinfonia das ruas? Mistério.

Caberá agora Marquinhos Trad atrair o consenso para si ou permitir que Rose divida esse eleitorado fazendo com que ele não vote (abstenção, branco ou nulo) ou a eleja. 

A equação é complicada. Dependerá de como serão as duas campanhas. Ou melhor: como ela atingirá os corações e as mentes das pessoas. 

 O fato é que nem Marquinhos poderá cometer os mesmos erros, muito menos Rose poderá fazer todas as bobagens que fez,  ainda que contando com recursos vultosos e uma máquina operando sem limites éticos. 

As campanhas terão que ser recalibradas e os temas devem agora ser colocados noutro patamar.

É possível que o triturador de reputações continue operando a todo vapor.  A imprensa terá papel fundamental nesse processo. 

Seria útil para a sociedade que a mídia se colocasse como fator de neutralidade e contenção para que o eleitor pudesse fazer sua escolha analisando o que é melhor para a cidade. 

Infelizmente não vivemos num mundo ideal. Há preferências calcada em conceitos mais emocionais do que racionais. 

Há interesses diversos dividindo grupos que operam as cordinhas dos diversos poderes, em vários níveis. Há o jogo difuso de 2018.

Fico a pensar: o eleitor de Bernal, por exemplo, está frustrado o suficiente para recusar as seduções do Governo? Até que ponto o atual prefeito continuará atribuindo sua derrota às confabulações do poder das velhas elites, que nunca o aceitaram no comando da cidade?. 

Contra quem será descarregado esse recalque social? Não arrisco a dizer.  

Tanto Marquinhos como Rose vão ter buscar composições complicadas para obter consenso. A cidade está cansada de dissenso. 

Por sorte, a Câmara de Vereadores diversificou-se numa proporção que não permite hegemonia de nenhum partido ou grupo. Será mais fácil administrar. 

Para meu gosto, a Câmara será menos crítica e terá mais cara da "velha" do que da "nova" política. Mas foi isso que a sociedade desejou. 

Vamos ver como os dois candidatos se comportam para formar maioria a seu favor. 

A sensibilidade agora é dual e não multifacetada. 

O diabo mora nos detalhes. Qualquer errinho, adeus candidato ou candidata.