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O PT não acabou, mas dormirá um longo sono


O Senador Romero Jucá - ele pode ser uma figura pra lá de controversa, mas é inteligente - fez uma afirmação recente (com um pouco de sofisma) que dá o que pensar: o resultadas das últimas eleições, de certa forma, referenda o processo de impeachment da presidente Dilma. 

Olhando o mapa do Brasil - notadamente o de Mato Grosso do Sul - o PT virou poeira. O partido encolheu ao ponto de não alcançar o pé da mesa.

Isso demonstra com clareza que suas formulações nos últimos tempos estavam erradas. 

O discurso do golpe, a longa defesa de Dilma na Câmara e no Senado - onde se insistia que estavam punindo uma "mulher honesta" - a difusão da ideia de conspiração das elites, o "Fora Temer", a inocência de Lula, a hostilização ao Ministério Público e ao Juiz Sérgio Moro, a difusão do conceito da "política do ódio", enfim, toda a força retórica das esquerdas nos últimos tempos acabou por nãoaderir na epiderme da sociedade. 

As esquerdas devem a partir de agora rever profundamente seu modo de fazer política - ser menos estridente, mais rigorosa com a corrupção de seus membros, rever o modelo estatismo versus privatismo, parar de usar slogans vazios, ser menos homogeneizante, compreender melhor os pendores do centro ideológico, afastar o ranço e a estreiteza, aceitar opiniões divergentes, perder a pose arrogante  e de donos incontestáveis da verdade. 

Esquecer que numa sociedade complexa como a nossa os fios tênues que separam as verdades de cada um não podem ser desrespeitadas em nome da separação de classes ou de interesses específicos. O capitalismo é uma realidade. Fazer uma sociedade melhor não pressupõe impor uma visão de mundo unívoca. 

Acabar com essa dicotomia do "nós" e "eles"; suprimir do horizonte que existe o lado bom e o ruim. Lembrar sempre que todos somos feitos do mesmo barro e que trazemos dentro de nós luz e sombra, dor e riso.

Se o PT não aprender rapidamente que a dinâmica das transformações sociais tem uma dimensão maior do que o casulo em que vive sua militância, com certeza vai acabar. 

Claro que a esquerda vai sobreviver. Com a nave-mãe implodindo os satélites sobrevivem. Mas se esse pessoal não criar um projeto de futuro, ficará décadas sem influir na pauta da sociedade brasileira. Pior pra todos.

Para o meu gosto, seria importante abandonar o projeto Lula para 2018 e criar alternativas. 

Lula está prestes a ser preso. 

O marketing de vitimização não está funcionando. 

Mudar de rumo deve ser a nova palavra de ordem. Simples assim.