Artigo publicado originalmente no Campograndenws:
Um presídio guarda muitas facetas. Guarda a justiça e a vingança. Também guarda os pequenos interesses dos funcionários públicos, dos fornecedores e empreiteiros que as mantém e constroem. Tudo isso é insignificante perto do grande lucro obtido pelas facções criminosas.
Os governos constroem os presídios. Uma vez prontos, há necessidade de alimentar seus residentes -trabalhadores, de custear despesas de suas saúde, de gastar com o bom "salário" que percebem. Sim, ainda que pouco conhecido, inventaram um "Bolsa - Bandido". Um salário que varia de R$1.200 a R$2.000 para cada um "trabalhador-presidiário".
Insisto no uso do termo "trabalhador-presidiário", pois todos trabalham para alguma facção criminosa. O país está dividido em duas grandes "empresas": o PCC, cuja sede está localizada em São Paulo e o CV, com central localizada no Rio de Janeiro.
Há uma miríade de outras médias e pequenas "empresas", a terceira maior é a ADA, do Rio de Janeiro que trava guerra (guerra mesmo com tiros e mortes) com o CV. São empresas altamente "saudáveis" do ponto de vista financeiro. Os governos pagam tudo e elas ficam com o lucro.
Há muito criou-se a convicção popular de que os melhores "negócios" do Brasil são os tráficos de drogas e de armas. Ledo engano. O mais lucrativo negócio brasileiro são os presídios. O ódio e a vingança garantem sua perpetuação. Quanto maior o número de presos, maior o número de "trabalhadores- presidiários", e, muito maior, o lucro dos PCC e CV.
Uma nova tese começa a ganhar terreno: mandar os pequenos bandidos para suas casas com tornozeleiras. Parte expressiva da sociedade prefere inverter o raciocínio: matar os grandes criminosos e deixar na cadeia os pequenos. A decisão final (ou válida por pouco tempo) só pensará no sistema da justiça e da vingança. Não pensarão que todos sustentamos essas malditas empresas.
* Ex-secretário de Fazenda de Campo Grande e ex-secretário de Receita de MS