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Lucimar Lescano: a face explícita do jornalismo chapa branca


No jornalismo da TV Morena, a jornalista Lucimar Lescano faz o papel de dama de ferro. Nessa semana, ela entrevistou os dois candidatos à prefeitura de Campo Grande.

Cada entrevista durou 8 minutos. No site G1 podemos assistir várias vezes as perguntas e respostas dos candidatos Rose Modesto e Marquinhos Trad, sob a batuta de madame Lescano.

Estudantes de jornalismo e o público geral deviam assistir ao material e ver o que significa, com todas as letras, o que é e como se apresenta um jornalismo parcial, enviesado, torcido, e como o interesse da empresa se sobrepõe sobre o interesse da imprensa.

As entrevistas fornecem um excelente estudo de caso sobre o que significa "jornalismo chapa branca".

Na terça-feira, dia 25, foi a vez de Rose Modesto.

No bloco de entrevista, Lescano, vestindo uma blusa branca, com rosto sereno, mostrou-se branda e cordata com a candidata tucana. 

Nenhuma pergunta crítica; só pauta positiva.

O questionamento voltou-se na maior parte do tempo para propostas de Rose, que pode repetir à vontade as palavras gestão, eficiência, mudança etc.

Em nenhum momento, Lescano criou uma tensa possibilidade da tucana ficar incomodada; enfim, ela podia se sentir em casa, com uma jornalista cordial, aderente e simpática.

No dia seguinte, quarta-feira, dia 26, foi a vez de Marquinhos Trad.

Lescano vestia preto. Estava de cenho fechado, sombria, com a faca nos dentes. Abriu a entrevista num tom crítico, perguntando sobre a aliança de Marquinhos com o prefeito Bernal. E tascou a pergunta: "para ganhar a eleição vale tudo?".

A partir daí,  a valente abriu as portas do inferno com pauta variada: coffee break, cargos comissionados, funcionários fantasmas na Assembléia Legislativa, enfim, pauta negativa até o fim.

Marquinhos fingiu-se de morto e respondeu o quis, tentando desvencilhar-se do tiroteio.

Ou seja: duas entrevistas com dois padrões de comportamento totalmente opostos. Uma vergonha. 

Me informam que Lescano não formula perguntas e sim faz aquilo que é determinado pela Direção da empresa, previamente combinada com os editores de jornalismo da TV.

Mais: que ela apenas empresta sua imagem, servindo de boca de aluguel para fazer as perguntas que a emissora deseja.

É menos jornalista e mais apresentadora. Não é o que parece. 

Fico pensado: não seria melhor contratar uma "boneca inflável" para fazer esse papel?

Lamentável.