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Eleição só acaba depois do voto


O "salto alto" é um péssimo condutor de navios. A arrogância é uma terrível conselheira. O "já ganhou" matou muita gente. A vitória é uma deusa que só fala depois dos fatos consumados. A derrota é uma senhora ressentida que foi enganada pelo frescor e beleza da esperança

Por isso, aviso aos navegantes: a eleição acontece daqui a 15 dias. Em política, esse tempo é uma eternidade. 

Concordo que a situação atual da candidata Rose Modesto não é confortável. 

Mas sempre me lembro do famoso livro de Sun Tzu, "A arte da guerra", no qual uma das lições é de que muitas vezes deve se dar um passo para trás para poder avançar dois adiante. 

Campanha eleitoral quando vai chegando aos seus momentos finais torna-se um jogo tenso, emotivo, neurótico. 

Qualquer deslize, uma frase mal colocada, uma denúncia sem pé nem cabeça, transforma-se em rastilho de pólvora e põe tudo a perder. 

Talvez um dos exemplos mais lembrados dessa tese seja aquela em que Fernando Henrique Cardoso, disputando a prefeitura de São Paulo contra Jânio Quadros, resolveu fazer uma foto sentado na cadeira do prefeito dias antes do pleito eleitoral. 

A história é conhecida: FHC perdeu e teve que suportar Jânio, no dia da posse, desinfetar as almofadas da polêmica. 

Reconheço que o quadro é muito favorável a Marquinhos Trad, conforme indicação das últimas pesquisas. 

A diferença de pontos em todos os levantamentos é abismal. O índice de rejeição da tucana elevou-se muito, quase atingindo o número mágico de 40%. 

Mesmo assim, aquela parcela da população que torce contra está à procura infrene de um bom argumento para equilibrar a disputa. Lembrem-se: em 15 dias a vida às vezes se transforma de clara para escura. 

Quem acredita na teoria do dinamismo da realidade sabe que ninguém se banha na água do mesmo rio. Portanto, se ambos os candidatos estão em disputa é porque o jogo ainda não terminou. 

Simples assim.