O candidato do PPS Athayde Nery (derrotado de forma vergonhosa na última eleição para a prefeitura de Campo Grande) teve seu momento de lucidez no primeiro debate entre candidatos e mostrou o perigo que era a vontade hegemônica do PSDB em Mato Grosso do Sul.
Concordei com ele e escrevi uma nota elogiando seu desprendimento analítico.
Ele poderia ter crescido ali, mas depois entregou-se de corpo e alma à vontade do capitão do mato Sérgio de Paula e seus sequazes.
Fechada as urnas, contabilizado os votos, ficou claro que o tucanato elegeu a maioria dos prefeitos, mas, numericamente, não obteve a maioria dos votos.
Claro, a eleição na Capital vai definir esse contexto porque temos aqui mais de 30% dos eleitores do Estado.
O PSDB elegeu prefeitos de pequenos municípios, com exceção de Corumbá e Três Lagoas. Como se sabe, a primeira foi uma disputa entre petistas, sendo que o eleito ( como o derrotado), como se diz, saiu do PT embora PT não tenha saido de dentro dele.
Em Dourados, como se sabe, ganhou uma candidata que só não se filiou ao PSDB por circunstâncias locais, já que o outro chegou primeiro.
Se o ex-peemedebista fosse eleito, sua vaga na Câmara Federal ficaria com o irmão do principal opositor na eleição de Campo Grande, algo que mudaria o xadrez político para 2018.
Mas isso é outra história.
(Reparem que não estou citando todos os nomes porque não quero individualizar minha análise).
Em muitas outras cidade (não tive tempo de analisar em detalhes) muitos eleitos foram personagens atraídos pela máquina de negócios do governo, que migraram do PMDB (na maioria dos casos) para o PSDB, mas caso o poder mudar de mãos lá na frente essas figuras trocam de partido como mudam de camisa. Na maioria dos casos, são carreiristas de ocasião.
Em Três Lagoas, o candidato vencedor é um personalista que nunca dependeu de partido ou do governo para ser eleito. Era a vez dele e fim de papo. Ele poderia pertencer a qualquer agremiação ( com exceção do PT) e seria eleito de qualquer maneira.
O tucanato sabe que não pode cantar vitória nesse caso. E nem na maioria dos outros. As convicções partidárias dos eleitos (vereadores inclusos) tem a mesma firmeza, como se diz, de poste no brejo.
Voltando à Athayde e a questão da hegemonia digo o seguinte: primeiro, não sou contra o PSDB; sou contra o governo Azambuja porque ele faz uma política atrasada, patrimonialista, com níveis altíssimos de corrupção e fisiologismo e quer estabelecer essa lógica "hegemônica" em todo o Estado.
É contra isso que a sociedade esclarecida, em pleno século XXI, deve lutar, por mais estranho que pareça.
A República de Maracaju é a nossa vanguarda do atraso. Ela é formada por uma elite primitiva, coronelista, que tem que ser impedida de prosperar por aqueles que acreditam em democracia com autenticidade.
Isso é que está em jogo nas eleições de Campo Grande. Se o eleitorado mais moderno de nosso Estado não compreender isso, sinceramente, vai aceitar o garrote da tal "hegemonia" com a passividade dos mansos. Lamentável.
( Voltarei ao assunto em outros momentos)