A imprensa americana tem uma tradição interessante: na disputa presidencial - como ora acontece - os grandes jornais se manifestam em editoriais qual candidatura apoiam.
Ou seja: os leitores, ao lerem o noticiário político, já sabem de antemão qual a posição do jornal e assim eles podem abalizar o teor de uma notícia e a isenção do veículo.
No Brasil isso não existe. Ou melhor: existe, mas é disfarçado. Trata-se do amor que não ousa dizer seu nome.
Vejam o que acontece com a eleição em Campo Grande.
Existem dois candidatos. Cada um representa um projeto de poder. Trata-se de escolher um - ou não escolher ninguém.
A opção é democrática. O ideal seria que os veículos apresentassem seus termos e explicassem aos eleitores porque preferem um ou outro - ou nenhum dos dois.
Claro, sabemos que isso acontece nas entrelinha. É possível - num levantamento de passar de olhos - saber quem está com quem.
Mas é preciso saber diferenciar: um jornal impresso, um site de notícias, um blog etc. podem fazer isso - ou não - tranquilamente porque são empresas privadas e tem seus interesses econômicos e políticos a cuidarem.
Um canal de TV e uma emissora de rádio não podem fazer o mesmo porque são concessões de serviços públicos.
Como são veículos invasivos e que atingem a grande massa devem buscar o máximo de isenção possível, sob pena de infringir normas legais.
O jornalismo de emissoras de rádio e TV caminham no fio da navalha. Quando elas tomam lado, devem saber que poderá haver consequências junto ao poder concedente.
No primeiro turno era evidente as preferências eleitorais das TVs Morena e SBT: estavam com Rose Modesto, a candidata do Governo do Estado.
No segundo, a Morena (a TV, não a mais bonita do Brasil) está se segurando e tentando manter certa altivez.
Já o SBT, TV Campo Grande, entrou de cabeça na campanha de Rose Modesto.
Hoje a emissora colocou no ar o ex-secretário Carlos Assis (o famoso "Careca Nazi") fazendo proselitismo nos altos da Afonso Pena num ato político do PSDB.
Assis estava agressivo, apontando o dedo, com gestos impositivos, com bandeiras do 45 ao fundo, turbinando uma pauta eleitoreira da emissora.
Pode Arnaldo? Não pode.