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A hora das medidas impopulares


Não glorifico medidas de ajuste fiscal como a PEC dos gastos públicos nem as outras - como a reforma da previdência - que vem pela frente. 

Aliás, nem coloco essa questão de ser contra ou a favor porque existem equações na vida que são irrecorríveis. 

Vejo que o momento é excelente para viabilizar todas as medidas impopulares possíveis porque os partidos de esquerda estão fragilizados, seus líderes estão prestes a ficarem trancafiados por alguns anos em penitenciárias e a sociedade está perdidinha querendo apenas que coisas sejam realizadas para dar a impressão de movimento. 

Aqueles grupos minoritários que hoje fazem oposição ao Governo Temer não conseguem galvanizar as massas para que suas ideias sejam ouvidas. 

E levarão ainda algum tempo para sensibilizar as pessoas com discursos que, afinal, resultaram na ruína econômica do País. 

As esquerdas não conseguirão cumprir ao mesmo tempo duas tarefas que lhes vem sendo impostas: primeiro, rearticular um discurso que pareça politicamente verdadeiro e bem intencionado; segundo, impedir que a base governista tratore todo e qualquer tipo de oposição. 

O próprio PT reclamava que Dilma "não conversava com o Congresso". Portanto, não pode reclamar agora que Temer faz isso até demais - e, pelo visto, bem feito.

A derrota eleitoral do lulismo nas eleições municipais abriu uma janela de oportunidade para o mandato tampão do PMDB, combinando velhas mumunhas políticas com o discurso neoliberalizante de Meirelles & Cia. 

O que a população quer mais do que nunca é sair do sufoco, não importa se privatizando tudo, abrindo concessões vantajosas para a banca e apertando o torniquete do funcionalismo. 

Daqui pra frente, qualquer discurso salvacionista cola, mesmo que aqui e ali mantenha privilégios ou perpetre injustiças sociais. Não adianta: todo ajuste cobra seu preço dos contribuintes pobres e médios da sociedade. 

Os ricos se safam. Só será preciso saber se eles topam entrar dessa vez com um pouco mais.

E quem imagina que esse ambiente possa, dialeticamente, gerar alguma revolução, digamos, mais progressistas, esqueça. Se tiver que acontecer alguma alteração no rumo das coisas pode -se esperar décadas. Estamos vivendo o tempo do conservadorismo graças ao modelo doidivanas implantado pelos anos do populismo petista.  

Quem não gostar dessa conjuntura, tem a opção de se mudar para o Haiti.