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Prisão e soltura de Olarte: passo a passo


No dia 15 de agosto o ex-prefeito Gilmar Olarte e sua esposa, Andréia Olarte, foram presos. Foi a primeira vez na história da cidade que tal fato aconteceu. 

O mundo político e jurídico começou a entrar em convulsão - os interesses envolvidos poderiam impactar a campanha eleitoral que estava em seu início. 

O que era para durar apenas 5 dias, começou a se arrastar e gerar pânico no casal e em muitos gabinetes do poder. Eles sabiam demais para ficarem guardados e esquecidos numa cela de cadeia. 

E foi assim que,  22 dias depois, Olarte mandou avisar ao poder incumbente que partiria para uma delação premiada. Desnecessário dizer que aquilo que, inicialmente, era pânico começou a se transformar em terror. 

Nas movimentações de bastidores, não se sabia direito o que fazer. Olarte estava disposto a contar tudo - ou seja, como foi a sua passagem pela prefeitura Capital, do começo ao fim - para, segundo consta, proteger sua esposa, que estava adoecida e pressionando fortemente o ex-prefeito e os advogados. 

Tudo isso aconteceu entre os dias 3 e 7 de setembro. No dia 8 Olarte assinou a renúncia da prefeitura, orientado que, perdendo o fórum privilegiado, seria julgado no juizado de 1ª Instância, escapando das mãos da Ministra Carmem Lúcia do STF. 

A coisa andou e a mídia arrefeceu depois de muita especulação. O governador Reinaldo Azambuja sentiu que o impacto desse processo prejudicaria a candidatura de Rose Modesto (dado o relacionamento próximo entre todos). 

Por vários dias o casal Olarte, Azambuja e Rose ficaram no meio do tiroteio. Daí sobressaiu a evidência de quem eram as pessoas interessadas em solucionar esse drama pessoal e político. Coisa de cinema. 

No dia 15 ( 7 dias depois)  houve distribuição das ações para a 1ª Vara Criminal, requerida pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Passos, em documento encaminhado ao juiz diretor do Foro da Comarca de Campo Grande.

Passos sabia que não podia dar bandeira. Todo cuidado era pouco.

Antes disso, cuidou que o pedido de revogação das prisões, que estava com o desembargador Luiz Claudio Bonassini, que aguardava a manifestação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS), constasse um parecer mantendo as prisões preventivas. 

Era muito forte a boataria de que Passos agia sob influência direta do governador.

Assim, 4 dias depois ( 19/09), o assunto foi parar nas mãos  juiz Roberto Ferreira Filho, que passou a analisar  o pedido de revogação das prisões de Gilmar e Andréia Olarte, do corretor de imóveis Ivamil Rodrigues de Almeida e do empresário Evandro Simões Farinelli.

O tempo seguiu e 9 dias depois, passados 43 dias,  Ferreira Filho finalmente concedeu o pedido, impondo as regras de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica e medidas restritivas de liberdade. 

Enfim, existe uma narrativa processual curiosa, muitas manobras de bastidores, mas a sociedade sul-mato-grossense continua sem saber o que realmente aconteceu, qual a verdadeira história que marca a trajetória de Olarte, da esposa e de dois laranjas, pela prefeitura da Capital. 

Será que isso será sabido nos mínimos detalhes um dia?


Juiz Roberto Ferreira Filho