Todo final de campanha vira uma carnificina moral. Tem-se a impressão de que a maioria dos candidatos fazem uma descarga histérica, jogando todos os supostos podres de seus adversários no ventilador. O jogo torna-se sórdido.
Durante a campanha, quando a tutela do judiciário pode trazer riscos para atos ilÃcitos e violentos contra os candidatos, todos se comportam como anjos. A bondade e as boas intenções são motes de campanha.
Na última semana, contudo, abre-se o portal do inferno. Todos resolvem mostrar o pior de si.
Aproveitam as dificuldades para que sejam alcançados pela lei - pois todas as demandas judiciais serão solucionadas depois da votação - e aproveitam o momento para transgredir à vontade.
A sociedade é inundada com farto material denuncista. Ninguém escapa.
Parece que há uma natural regressão aos instintos primitivos, fruto do recalque de muitos dias, que explode como necessidade vingança, para mostrar que somos feitos do mesmo barro, ou seja, ninguém presta e ninguém vale a alfafa que come.
Claro que não há nenhuma consideração pela inteligência do eleitor(a). A cacofonia gera muita espuma. Termina tudo voltando ao grau zero e o efeito na consciência termina sendo quase nulo.
Mas qual a razão de as coordenações de campanhas optarem por essa linha de combate exatamente nos últimos dias antes do pleito?
Acredita-se que denegrir a reputação do adversário - sem medo da punição judiciária de imediato - ajuda muito esse tipo de afrouxamento dos sentimentos morais de cada um. Se isso resulta em votos, ainda é uma tese em busca de comprovação cientÃfica.
Se a justiça fosse mais rápida e eficiente e houvesse mecanismos legais - que não ferissem a presunção da inocência - isso talvez não acontecesse.
Aparentemente libertados de regras e de senso punitivo todos tornam selvagens.
E assim trafegamos nesse momento crucial da democracia entre a civilização e a barbárie.
Hitler dá risadas em seu túmulo