Já deu para perceber que o Brasil está entrando em caos sistêmico. Mesmo que não houvesse impeachment de Dilma continuaríamos afundando mais e mais, sem perspectiva de sair do atoleiro.
A entrada de Temer apenas está acrescentando mais barulho à bagunça.
A única saída é o Congresso aprovar medidas de ajuste (não todas, porque não dá) para encobrir a sensação de que a lama está se aproximando do nariz. Se subir mais alguns milímetros, ninguém vai conseguir respirar; daí, o paciente entrará em coma.
A tendência é o ambiente ficar mais e mais tenso. Lá na frente, caso não aconteça algo drástico, tipo delação premiada que comprometa toda a cúpula do atual Governo, poderá haver alguns refluxos.
A turma do “Fora Temer”, por exemplo, poderá diminuir depois das eleições municipais à medida que ficar claro que a nova repactuação das bases políticas no País enfraqueceu enormemente o PT e seus satélites.
Parte dessa movimentação toda tem a ver com a necessidade dos partidos e dos militontos de criar marola para ver se tira proveito de alguma coisa desse processo.
Depois das eleições, ficará patente para esses movimentos – a maioria turbinada com recursos públicos – que a grana será minguada, e os mais pragmáticos terão que se articular com o poder central para ver se é possível arranjar algum, mas convenhamos que com poucas prefeituras e governos estaduais – com o Governo Federal nas mãos do PMDB – a situação ficará complicada.
O que Temer precisa é de tempo e melhor calibragem na sua comunicação. Não dá para produzir desastres semanais com gente na rua batendo na porta todos os dias.
Se ele conseguir produzir sinais positivos na economia a coisa se dissipa.
Mas a vida econômica está tão descontrolada que será necessário pelo menos dez meses para conseguir produzir duas ou três boas notícias. Por enquanto, o “Fora Temer” estará cacarejando nos nossos ouvidos dia sim outro também.
Isso vai se transformar numa onda? Não sei. Tudo na vida cansa. Fatos novos substituem os velhos.
A Coréia do Norte pode explodir mais umas duas ogivas nucleares. É difícil prever o comportamento social em momentos de graves incertezas históricas.
O revertério máximo que pode ocorrer com esse quadro de permanente caotização é o discurso da ordem a qualquer preço - de fundo fascistóide - ganhar espaço no cenário nacional com os Bolsomitos da vida.
Quem lê pesquisas e acompanha os sentimentos das classes médias (B e C) entende do que estou falando.
Está surgindo no Brasil uma direita que não tem medo de dizer o seu nome.
E parece que a esquerda está torcendo por isso.