Estou acompanhado há algum tempo os debates pela imprensa sobre o "Escola sem Partido".
O assunto tem gerado polêmica e dividido o País, colocando em lado opostos não somente opiniões específicas sobre o tema como visões de mundo.
Uma parte dos contendores - acusados de estarem à direita do espectro político - defendem que sejam banidos das salas de aula sinais explícitos de pregação partidária e ideológica por parte de professores engajados com o perspectivismo histórico de tendência marxista.
Outra parte - a chamada "esquerda à brasileira", na maioria pessoas sensíveis às alarmantes desigualdades sociais - acham que a questão é uma enganação, simplesmente porque o ato de ensinar é político per si, e nada pode tolher a liberdade de um professor explicar a realidade funcional sem apontar muitas das iniquidades que presenciamos no dia a dia.
Enfim, os pontos de vistas conflitantes estão evoluindo para o debate saudável e, quem sabe, depois de tantas discussões entre pessoas inteligentes, que desejam o maior benefício paras a crianças e jovens brasileiros, tenhamos a melhor educação possível num País como o Brasil.
De minha parte, sempre considerei um pouco inócuo esse assunto, mas vi e ouvi educadores inflamados (de ambos os lados) tratarem desse tema ao longo desse sagrado ano de 2016.
Hoje, infelizmente, cheguei à triste conclusão que a querela em torno do "Escola sem Partido" é pura espuma.
Explico: ontem um partido político, em nome da defesa de uma candidatura à prefeitura, coagiu e obrigou milhares de profissionais da educação a participarem de um comício político num clube famoso da cidade. Pais reclamaram, alguns foram ao Ministério Público, outros foram à justiça eleitoral.
Tudo em vão.
Pergunto: e aquela turma tão aguerrida com o debate sobre a politização das escolas? O que aconteceu? Moitaram? Abaixaram a cabeça e disseram amém ao poder incumbente?
Ora, o que houve foi uma demonstração explicitamente acintosa de partidarização da educação e nenhum guerreiro ou guerreira falou nada. Nem à direita nem à esquerda.
Conclusão: a sociedade tem a educação que merece. Como se sabe, de péssima qualidade. E isso em parte acontece, principalmente, quando a massa crítica mais atuante de nossa sociedade aceita o ditame de que o "bom cabrito não berra". No máximo, grita o nome do candidato que o patrão mandou.
Vergonha.