Tenho recebido com freqüência denúncias
cabeludas vindas de todos os lados. São documentos, depoimentos, fotografias,
filmes, enfim, um aluvião de coisas deploráveis que nasce e cresce dentro do
poder (todos eles) e parece ficar numa estufa, aguardando o tempo certo para
ser despejado na nossa cabeça.
Todos os dias uma legião de
anônimos e de pessoas conhecidas tem me passado informações assombrosas, muitas
das quais desconfio que sejam interesses feridos, jogo político, ressentimentos
antigos, adversários ocasionais querendo passar a rasteira um no outro, na esperança
de angariar dois ou três votinhos para suas respectivas candidaturas.
Se eu fosse a palmatória do mundo
juro que divulgava tudo. Claro, passaria noites em claro, emagreceria uns bons
10 quilos, mas ficaria em paz com minha consciência.
Ficaria preparado para enfrentar processos judiciais por calúnia e difamação.
Nesses últimos dias, por exemplo,
pessoas de boa fé, humildes, desempregadas, algumas inclusive desesperadas, tem
me procurado para denunciar candidatos e candidatas à nossa vereança que as
contrataram para o trabalho de cabos eleitorais e agora se negam a pagar.
Simplesmente, inventam desculpas
esfarrapadas para não cumprir o que foi contratado.
O trabalho de cabo eleitoral é
inglório. Ele é xingado e desprezado nas ruas. Enfrenta calor, fumaça,
piadinhas, mau humor, mas cumpre sua faina diária com dignidade, contando com o
dinheiro combinado para pagar suas contas.
Quando não recebe, não tem uma
voz para defendê-los; a justiça é morosa, a imprensa não se preocupa com casos
pequenos.
Recebi ontem ligação de uma
mulher aos prantos. Ela me pedia para denunciar uma candidata que dizia que não
estava pagando porque não estava recebendo das instâncias superiores. Enfim,
uma coisa louca, que revela o caráter daqueles que aparecem na TV afirmando que
vão “salvar Campo Grande”.
Sensibilizado, liguei para o comitê eleitoral
para saber o que estava, afinal, acontecendo. Resposta: “esse pessoal é assim
mesmo, eles choram, querem receber, mas não trabalham, não fazem nada, nossa
candidata não cresce nas pesquisas...”.
O que fazer ? Jogar uma bomba na
Ilha de Manhattan?