O debate Midiamax foi bem conduzido pelo jornalista Ogg Ibrahim, bem organizado em sua estrutura, e conseguiu ter uma fluidez difĂcil de imaginar com 11 candidatos tendo que se explicar com tempo restrito e rigidamente controlado.
As tendĂŞncias polĂticas ficaram bem delineadas. Surpreendeu a aliança tácita entre Alex do PT e a candidata Rose Modesto.
Ficou claro quem agora Ă© o grande laranja da campanha.
O debate foi marcado pelo impacto da pesquisa IBOPE, divulgada ontem Ă noite na TV Morena.
Athayde Neri parece ter sido domesticado pelo seu partido, o PPS. O pensamento inicial era de que ele havia feito uma adesĂŁo voluntariosa ao governismo. Mas ele fez a melhor análise do quadro polĂtico da noite.
Mostrou em rápidas palavras como cada grupo se organizou e se organiza em torno do poder em Mato Grosso do Sul e carimbou na testa do PSDB a pecha de "hegemonista", falando claramente que o tucanato aspira o domĂnio polĂtico de um grupo exclusivo em todo o Estado. O assunto merece uma reflexĂŁo Ă parte.
Marcelo Bluma, Coronel David e Haroldo Figueiró (um tanto folclórico) mostraram consistência técnica em suas respectivas áreas, ou seja, respectivamente, urbanismo, segurança e transporte viário.
David mostrou que nossa segurança vive o caos citando como exemplo um assalto que sua vice havia sofrido minutos antes de entrar no auditório do debate,
Os trĂŞs nĂŁo indicaram aderĂŞncia Ă s candidaturas com melhor posição nas pesquisas, mostrando senso crĂtico adequado sobre os problemas da cidade
SuĂ©l Ferranti, Adalto Garcia sĂŁo exĂłticos demais para merecerem comentário, mas mostraram-se suficientemente independentes dos esquemas vigentes de poder, deixando claro que nĂŁo pertencem ao laranjal de Azambuja, mesmo porque sĂŁo outsider na polĂtica.
Garcia, por exemplo, fez um questionamento contundente à Rose Modesto sobre os custos milionários de sua campanha, deixando-a desconcertada. Ali ela sentiu que foi colocada numa armadilha. Sua resposta esfumaçou-se no ar.
Elizeu Amarilha Ă© sempre o mesmo. Uma hora com bigode, outra sem, mas sempre aquele mesmo discurso conciliatĂłrio que nĂŁo leva a nada a lugar algum. Devia mudar.
Os três principais candidatos - Alcides Bernal, Marquinhos Trad e Rose Modesto - não ganharam nem perderam nada com o evento. Até onde pode-se ver as luzes do horizonte os três mostraram a diferença de suas respectivas personalidades, com Bernal mais conciliador e, Marquinhos, numa linha clara de oposição e independência do governismo.
Quando Rose debateu com Marquinhos sobre a questão das Caravanas da Saúde ela perdeu. Quando Rose debateu com Bernal sobre transporte viário ela rodou.
A tucana só ganhou quando fez dobradinha com Alex para detonar Marquinhos no tema que eles acreditam ser sua vulnerabilidade: as relações familiares.
Rose, no contexto estrito de suas apresentações, mostrou-se bem preparada, apesar das dificuldades com o manejo da lĂngua (nĂŁo se pode ter tudo na vida), embora - insisto - nĂŁo consiga rivalizar com a experiĂŞncia de seus dois principais adversários.
No final , ela parecia distante, vaga e meio perdida. Entrou no automático.
No cômputo geral, dadas as circunstâncias desse tipo de programa, terminou sendo um evento politicamente interessante e instrutivo. Deu para sacar quem é quem.
Se continuar assim, arrisco a dizer que nossa eleição terá apenas um único turno.
Esse foi o sinal deixado nas ondas captadas pela percepção daqueles que se submeteram até altas horas para assistir 11 candidatos se expondo sem o filtro artificial do marketing do horário eleitoral gratuito.