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Servidores da Fundação de Turismo denunciam Nelson Cintra



O governador Reinaldo Azambuja foi eleito com a promessa de “ouvir as pessoas”.

O blog lhe dá hoje essa oportunidade.

Duas correspondências recebidas de um grupo de funcionários da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul denunciam os abusos perpetrados pelo Diretor-Presidente da Instituição, Nelson Cintra, e comportamento omisso de Athayde Nery Athayde Nery quando no comando da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei).

Na carta enviada pelo correio (com informações confirmadas ponto a ponto no decorrer de uma semana), passamos aos leitores uma visão interna do modus operandi de Cintra e seus assessores.

Como se sabe, o turismo é abre-alas da imagem do Estado não só no Brasil como no mundo.

O quadro desenhado aqui – concordando ou não com os servidores – devia motivar reflexão e não represálias por parte da equipe de assessoramento de Reinaldo Azambuja.

Sabe-se que é ano eleitoral e que esse tipo de denúncia surge naturalmente nesse período. Há uma razão óbvia para isso: os governantes ficam mais sensíveis nesse momento e, sob pressão, podem solucionar problemas que se arrastam ao longo do tempo, podendo, caso nada seja feito, transformar-se em caos em função da negligência.

Pelo visto, a Fundtur não precisa de muito para que isso aconteça.


Denúncia

“Servidores da Fundação de Turismo redigiram um relatório no fim do primeiro ano de gestão de Reinaldo Azambuja (2015), encaminhado ao então secretário Athayde Nery (a quem Cintra supostamente estaria subordinado pela hierarquia das instituições), no qual relatam várias situações de descontentamento com o atual gestor Nelson Cintra (abaixo).

Os servidores não assinaram o documento para evitar represálias. Parece que o secretário encaminhou o documento à Casa Civil, que até então nada fez. 

Athayde também nunca teve cacife pra peitá-lo, então sempre foi omisso.

Outro fato curioso, é que Cintra, por meio de sua assessora Fernanda Bentasol, que recebe um salário igual ao dele (pouco mais de R$ 10 mil), mantém um clima de intimidação e medo aos servidores efetivos. 

Veja só essa: todo mês os servidores se reuniam para celebrar os aniversariantes lá mesmo na Fundtur. O que Cintra fez por sugestão de sua capanga? Apoderou-se do evento, transformando-o em um "Café com o Presidente" .

 O primeiro "Café com o Presidente" foi na Estância Pontal das Águas, numa manhã de sábado, portanto fora de expediente, ocasião em que quase que obrigou os servidores a irem ao evento, não interessando se tinham filhos, maridos e esposas a aproveitar o fim de semana ou cuidar de casa. 

Em uma estratégia pilantra, ele convocou um psicoterapeuta para realização de uma dinâmica de grupo e contratou o Festas e Eventos TV para registrar e divulgar o evento em TV aberta para posar como chefe bonzinho que promoveu o evento para estreitar laços entre os servidores.

Mais: no início deste ano havia uma ordem para que a Fundtur saísse do Parque das Nações Indígenas e se instalasse no sobrepiso do prédio da Sectei, na Fernando Corrêa da Costa. 

Foi feita uma reforma do pavimento e adequação de rede, linhas telefônicas, iluminação, divisórias e mobiliários. 

Ficou tudo nos trinques, mas o coronel Cintra relutou em se subordinar a Athayde Nery, e não arredou o pé. 

Tanto que até hoje a Fundtur continua no Parque. Acabaram aproveitando o espaço para receber o recadastramento do censo dos servidores. 

Hoje o espaço está vazio. Ou seja, gastaram recursos para nada.

E enquanto isso, Cintra e Bosco Martins viajam quase todo fim de semana, convidando seus servidores comissionados para irem juntos mesmo que em eventos que nada tem a ver com a instituição, realizando trabalho de campanha para futuro candidato a deputado estadual. 

Tanto foi que numa dessas que surgiu o caso Nilmara...

O pior comentário é o de que Cintra comprou o seu cargo de titular da Fundtur por cerca de R$ 250 mil, quando foi coordenador da campanha de Azambuja no sudoeste de MS, como frisa em seu Facebook. 

Em suas palestras "A importância do turismo para MS" Cintra demonstra total desconhecimento técnico, tornando-se motivo de chacota entre técnicos e empresários da área. EM abril, durante a Rota do Desenvolvimento em Bonito, Cintra e o "Embaixador do Turismo de MS", Jota Abusafi, deram um tiro no pé ao comentarem que o turismo de Bonito é caro. 

Os empresários fizeram fila para rebatê-los. Jota só olhava pro relógio não vendo a hora daquela enrascada acabar... Aliás, esta é mais uma grave papagaiada da República de Maracaju. Um sujeito que ficou famoso trabalhando de chofer em Miami é nomeado "embaixador do turismo" do Estado”. 

Carta dos Servidores da Fundtur

Caro secretário Athayde Nery,

Seguem algumas ponderações a respeito da atual gestão da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul.

Entendemos que o turismo é uma das atividades mais importantes para Mato Grosso do Sul, que é reconhecido mundialmente pelo modelo de gestão e turismo sustentável e responsável conseguido através de muito trabalho.

Acreditamos que um órgão como a Fundtur merece um líder com condições técnicas para alavancar o setor como atividade comercial e como o olhar de preservação de um ecossistema tão frágil e raro como o nosso ( e não apenas um chefe-tirar ou trocar que vê a atividade como uma alavanca política.)

Acreditamos, sim, que novas ideias devam ser colocadas em prática, mas sem que o trabalho que já foi feito seja deixado de lado. Queremos sair do descrédito que nos encontramos, pois a Fundtur é a nossa casa, é nosso trabalho realizado há anos com amor e dedicação.

Para exemplificar, ao longo de quase um ano foram observadas e sofridas atitudes como as mencionadas abaixo:

- Falta de viagens técnicas com o setor técnico da Fundação, para realização de atividades benéficas ao setor turístico. A maioria das viagens feitas atualmente são de cunho político.

- A maioria das palestras realizadas pela presidência sem teor turístico, mas de caráter de história pessoal;

- Falta de reuniões de trabalho com planejamentos e opiniões (a equipe, com larga experiência, não é ouvida);

- Equipe muito reduzida e falta de técnicos da área de turismo; 

- Falta de planejamento das ações  (solicitações e ordens geralmente são feitas de última hora) 

- Redução da equipe de desenvolvimento do turismo, devido a remanejamento para assessoraria de gabinete;

- Pouca atenção às opiniões e sugestões dos servidores de carreira, quanto aos planejamentos.

- Cobrança abusiva de cumprimento de horário (além de livro de ponto, há “olheiros” que anotam horário de entrada e saída de funcionários, sem levar em consideração trabalhos realizados fora do horário legal);

- Exigir de subordinados (efetivos) a realização de trabalhos com objetivo de natureza pessoal e político-partidária.

- Desvio de funções.
Lei nº 1.102 de 10/10/1990
Art. 7º É vedado designar o servidor para exercer função que não integre o respectivo cargo ou categoria funcional. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.157, de 26.10.2000, DOE MS de 27.10.2000, Lei )

- Comissionado em exercício ilegal de profissão;

- Assédio Moral / Depreciação dos trabalhos e desrespeito para com os técnicos / Manifestação de desapreço a técnicos dentro da repartição;
Exemplos: Chamar a atenção/brigar publicamente e em voz alta com funcionários, depreciação pessoal em público (“só tem gente preguiçosa aqui”, “vocês são incompetentes”, “pra mim todo mundo é igual peão”, “vou colocar brete nessa fundação”, e outras ameaças no sentido de interferir na vida funcional do servidor em caso de “não obediência”. Há caso de licença médica na Fundtur por estresse emocional.).

- Redução na participação institucional em feiras e eventos nacionais e internacionais do turismo.

Segundo o Art. 2º do Estatuto da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, entre as finalidades da FUNDTUR está:

I - fomentar, incentivar e promover a exploração do turismo no Estado;
A participação da Fundtur-MS em feiras e eventos nacionais e internacionais tem esse objetivo, que é o de representar o trade turístico e os destinos turísticos de MS nos mercados de interesse, para atrair turistas.

Nesta gestão houve uma ordem de que a Fundação só teria participação em feiras e eventos com o quórum de 10 empresários nas mesmas. Porém, muitos empresários não têm poder aquisitivo para participação regular e muitos possuem representantes (que atendem muitas empresas, o que não dá quórum físico).

Além disso, muitas feiras e ventos apontados como importantes para o mercado sul-mato-grossense não foram aprovados nessa gestão sem maiores explicações. Salientamos que a participação dos estados é um espaço que precisa ser conseguido através de anos de trabalho, que foi ignorado pela gestão.

Em 2015 participou de feiras/eventos sem foco no desenvolvimento do turismo, participando na maioria das vezes em eventos de cunho político. Exemplo: área de agronegócio, saúde, educação, dentre outros.

Há relatos do trade turístico reclamando e ridicularizando a atuação do turismo no estado e citando a queda do desenvolvimento do Turismo de MS. Lembramos que o trabalho de desenvolvimento de outras regiões é importante, mas destinos consolidados (através de anos de trabalho) como Pantanal e Bonito não podem ser esquecidos, pois eles é que são os responsáveis pelo respeito mundial que foi alcançado pelo MS.

Diante do exposto, reiteramos a preocupação com a saúde da instituição e pedimos apoio para a revisão da gestão, a fim de que o turismo de Mato Grosso do Sul continue sendo respeitado como atividade econômica sustentável e de relevante impacto social.

Servidores da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul.