Pages

Olimpíada é imagem


Imagino que algumas modalidades esportivas das Olimpíadas não tem a mínima graça de assistir ao vivo. Tudo acontece rápido, sem gerar emoção, impossível de ser registrado pelos olhos e pela mente.

A prova de mergulho, levantamento de peso, ginástica, natação e tantos outros só provocam interesse por causa da TV. O uso tecnológico das imagens são uma olimpíada paralela, talvez mais prazerosa do que aquela que acontece no mundo real.

Podemos assistir a mesma prova várias vezes, em câmera lenta, por ângulos diferentes, enfim, uma disputa que às vezes acontece em menos de 15 segundos, pode ser acompanhada pelas multiplicidade de imagens que gera, possibilitando um acompanhamento saboroso das cenas, mostrando os atletas nos detalhes ínfimos, desde as suas contrações musculares como suas explosões emocionais, de vitória e de derrota.

Por alguns momentos, graças ao espetáculo televisivo, parece que nos transportamos para o evento em si e, por alguns momentos, nos tornamos o próprio personagem em cena.

Ao mesmo instante, acompanhamos as torcidas, em gestos de alegria e decepção. É um teatro coletivo, que amalgama público e palco num só movimento emocional.

Por isso hipnotiza, deslumbra, vincula e vicia.

Ontem assisti aos saltos ornamentais e fiquei comovido com as piruetas e volteios inimagináveis daqueles meninos e meninas de corpos esguios e perfeitos.

Em três ou quatro segundos a prova estava concluída. Ao vivo, só especialistas entendem a graça daquilo.

Mas os replays em câmera lenta nos permite acompanhar cada volta, cada giro, a acrobacia cronometricamente determinada, fazendo que o esporte deixe de ser esporte e passe a ser arte.

Mesmo nas modalidades coletivas, a imagem fornece ao espetáculo momentos especiais. Claro, o futebol masculino de nossa seleção entristece, mas as meninas do Brasil encanta nossa alma.

Não se pode ter tudo.