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O PPS definha em Campo Grande pela miopia política


Leio pesquisas variadas e vejo que a candidatura de Athayde Nery (PPS) praticamente não existe em Campo Grande. 

Na pesquisa Datamax publicada ontem pelo site Midiamax, ele tem 0,87% das intenções de voto. 

Analisando os detalhes do levantamento, Athayde não atrai a juventude, não provoca interesse do eleitor do centro da cidade, tem reduzida influência nos bairros, não cola nos mais escolarizados e, surpreendentemente, tem indicações episódicas entre as pessoas de baixíssima escolaridade. 

Olhando esse começo de campanha, o PPS divulga um projeto bem pensado para a cidade, um tema que deveria suscitar interesse pelo menos nas faixas de eleitores mais esclarecidos. 

Claro, ainda estamos numa fase incipiente da campanha e a divulgação de candidatos e propostas ainda está muito limitada.

A pesquisa diz, contudo, que o partido está esfarelado no meio da sopinha de letras que compõe o quadro de candidaturas em disputa .

Diante disso, ou o PPS está errado, ou a cidade deveria ser outra. 

O PPS é um partido de quadros. Tem nomes excelentes, pessoas que formulam políticas públicas e são dotadas de informação suficiente para fazer análises calibradas da realidade. 

Pode-se dizer que a divergência entre a vereadora Luíza Ribeiro e Athayde Nery fragilizou ainda mais o partido. Mas essa é uma tese da qual nem todos seus integrantes concordam. 

Vou insistir num ponto: o momento político não é de formulação de projetos nem de propostas. A sociedade não adere mais a isso. O eleitor meio enraivecido não quer solução, quer posição.

 As questões urbanas estão dadas e todos os candidatos, de certa maneira, falam a mesma coisa.

O PPS perde, nesse caso, porque não consegue fazer o que mais sabe: pensar a política. A candidatura de Athayde Nery está contaminada pelo tucanato. 

Por isso, não consegue ser alternativa política.

O que eu quero dizer com isso? 

O PPS abdicou da reflexão politizada da cidade. A impressão que dá, infelizmente, é que o partido trabalha para oferecer quadros técnicos para o próximo prefeito, num gesto claro de fisiologismo disfarçado. 

Daí a insistência em apresentar "seu projeto". Ninguém vai ligar para isso se o partido não ter posições claras sobre a bagunça vivida pelo município e pelo Estado.

O PPS devia confrontar os projetos políticos que estão postos.  Devia fazer um corte programático-ideológico entre as candidaturas de Marquinhos Trad, Alcides Bernal e Rose Modesto e confrontá-lo um a um, politicamente. 

Não conseguirá fazer isso com um pé na canoa de Bernal e outro na de Azambuja. 

O momento é de fazer confronto, de propor rupturas, criar sedimento para mostrar que esses personagens representam atraso e retrocesso político. 

Com discurso firme, honesto, crítico, o partido se sairá melhor, a meu ver, do que muitos que estão fazendo a mesma coisa (ou seja, participando do laranjal) e conseguindo muito mais votos.