Kátia Abreu: oportunismo puro
A senadora Kátia Abreu (PMDB/TO) tornou-se a mais aguerrida defensora do mandato de Dilma Rousseff. Ela incorporou o modelito de radical chic do petismo e já protagoniza bate-bocas na comissão do impeachment do senado, ao lado de Gleise Hoffman, Lindbergh Farias, Vanessa Grazziotin (PC do B/AM), situando-se como uma das melhores oradoras da tropa de choque.
Quando questionada sobre essa incoerência política - visto que ela sempre foi combatida pelas esquerdas como uma representante hidrófoba da bancada ruralista -, ela invoca a repentina "amizade" com a presidente afastada, nascida e fortalecida depois que ganhou o Ministério da Agricultura.
Nada combina com nada. Mas ontem, durante o Jornal da Dez da Globonews, coube à jornalista Cristiana Lobo revelar uma conversa com Kátia, na qual ela explicou essa guinada de posição, visto que o seu eleitorado a colocou no senado com a bandeira do anti-petismo.
Sua singela explicação foi a seguinte: ela ainda tem mais seis anos de mandato e até lá ninguém mais se lembrará de sua performance atual, dada a dinâmica da realidade e das mudanças de perspectivas que vão ocorrer nos próximos anos.
Sem se fazer de rogada, disse que migrará para um pequeno partido, e começará a construir sua plataforma eleitoral para a presidência da República em 2018.
Ela espera que esse processo garanta vida eterna na política, pois mesmo perdendo, terá cacife para se reeleger em 2020 para o senado.
Ou seja: Kátia Abreu é oportunismo puro. Sua atuação pró-Dilma é apenas estratégica, teatral, fruto de cálculo político.
Ela confia na falta de memória da sociedade, inclusive dos produtores rurais - "que pensam mais com o bolso do que com a ideologia" -, para continuar na ribalta após o impeachment de Dilma.
Tudo isso, com o adicional de que não terá que dar combate às esquerdas, já que aderência ao "projeto" parece ser total.
Lindo, né?