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Incrível: PT e Renan conseguiram dar um golpe dentro do que se chamava golpe



A partir de hoje é provável que a figura de Michel Debrun  seja mais lembrada pelo debate político brasileiro depois do impeachment fake de Dilma no Senado.

Usando um linguajar do PT, Renan Calheiros, ao articular a manutenção dos direitos políticos da ex-presidente, aplicou o “golpe” dentro do “golpe”, ressucitando a velha teoria de Debrun, o da especialíssima característica da conciliação brasileira.

Michel Debrunm foi um filósofo francês nascido em Neully-sur-Seine, que passou a morar no Brasil (1957) e tornou-se Professor Titular e Emérito da Universidade Estadual de Campinas a Unicamp, onde lecionou (1970-1988) e ajudou a fundar o Instituto de Filosofia, Política e Ciências Humanas.

Seus livros estão aí. Mas, fora da cátedra de esquerda, era personagem esquecido. Deve voltar agora para ajudar a dar explicações sobre o tema que despertará algumas paixões e perplexidades a partir de agora.

Debrun dedicou longo ensaio ao que se chama “conciliação à brasileira”, uma modalidade sociológica específica do País das jabuticabas.


É ele quem escreve: “ ‘Conciliação’ de que falaremos (aqui) sempre entre aspas. Pois não corresponde ao que geralmente se entende por conciliação política, a qual está concebida como um acordo entre atores – grupos ou indivíduos – de um peso mais ou menos igual. Ou, pelo menos,  nenhum dos dois poderia esmagar o outro. Ora, a idéia apresentada à sociedade neste livro (“A Conciliação e outras Estratégias”, editora brasiliense, 1983) é que a ‘conciliação’, no Brasil, sempre pressupôs o desequilíbrio, a dissemetria dos parceiros, e não o seu equilíbrio. Tanto no nível micropolítico do engenho, da fazenda, da empresa, da repartição pública etc., como no nível macropolítico da constituição e manutenção do poder central, a ‘conciliação’ não se desenvolveu para evitar brigas incertas e custosas entre contendores de força comparável. Mas, ao contrário, para formalizar e regular a relação entre atores desiguais, uns já dominantes e os outros já dominados. E para permitir que os primeiros explorassem em seu proveito a transformação dos segundos em sócios caudatários”.



Filósofo Michel Debrun