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Delação da Odebrecht: não sobrará ninguém



A delação premiada dos executivos do grupo Odebrecht será amplo, geral e irrestrito.

Ninguém ficará de fora. Ou melhor: o topo da classe política brasileira terá que enfrentar revelações que vão desde caixa 2 até o recebimento de propinas, revelando o quão extensas são as relações entre o público e o privado no Brasil. Os valores envolvidos também serão superlativos.

Hoje a bola da vez foi José Serra, acusado de ter recebido, em 2010, recursos de caixa 2 em sua campanha.

De acordo com a Folha de S. Paulo, foram R$ 23 milhões ( R$ 34, 5 milhões em valores de hoje).

Petistas, tucanos, peemedebistas e grande parte da sopinha de letras partidárias que cobrem o País terão a oportunidade de brigarem sob o embasamento teórico de que "o meu corrupto é melhor que o seu".

Infelizmente, ninguém poderá lançar mão da desculpa de que caixa 2 e propina são parte da cultura política brasileira porque nenhuma modalidade de crime que se conhece na história da humanidade movimentou tantos recursos como nesses casos.

Talvez o tráfico internacional de drogas, contrabando etc., possam disputar nesse quesito, mas a economia desses esquemas não é aferível.

No caso das delações, é possível ter números aproximados porque as empresas (a Odebrecht tinha até um departamento de propina) são tão organizadas que fizeram uma contabilidade paralela sobre o volume de dinheiro distribuído.

Somando tudo, não haverá como ser "seletivo" na hora de discutir o tema. Que cada se defenda como puder e que os culpados sejam punidos.