O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, concedeu entrevista à Folha de S. Paulo neste domingo, e deixou claro que o melhor ajuste fiscal que existe é aquele que só fica em torno das palavras. O bom ajuste é o ajuste nenhum.
Ou seja, o discurso sobre mudar a percepção em torno das contas públicas é ótimo, mas na hora de efetivar as medidas todo mundo muda de opinião.
"No coletivo todo mundo concorda, mas, quando chega no individual, colocam o interesse próprio antes. Se cada um se preocupar só com seu lado, o coletivo não sairá. O país não vai crescer, a inflação não vai cair", disse Goldfajn.
Esse tipo de coisa é bem Brasil. Autoridades públicas gostam de discursos bonitos, de fantasias salvacionistas, mas quando chega a hora da verdade todos se transformam em covardes e começam a praticar o famoso exercício "barata voa".
Os setores à direita, com seu liberalismo de fachada, procura preservar seu quinhão e jogar tudo das costas do Governo; á esquerda, com seu socialismo demagógico, faz de tudo para tirar lasquinhas eleitorais de do que se considera "prejuízos ao trabalhadores".
No final, tudo se transforma numa competição de cuspe à distância. Uns vão de "Tchau Querida e prende o Lula", outros de "Fora Temer".
Enfim, a política paralisa mudanças porque não há liderança capaz de impor uma trégua ao oportunismo barato que domina o cenário.
Até quando? Não se sabe.