Nunca, em toda a história do mundo contemporâneo, um "golpe" foi tão cansativo.
Nem a própria "golpeada" aguenta mais.
A sessão no senado comandada pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski. que ora transcorre dentro do previsto, repete ad nausean os mesmos argumentos, as mesmas inflexões, as mesmas atuações, como numa peça teatral longamente ensaiada, na qual os atores nem se permitem mais a um improviso aqui e ali.
Se houver futuramente mais um "golpe" como esse serei o primeiro a pedir que se evitem as preliminares e já partam para o pelotão de fuzilamento.
Passei o dia ouvindo discursos (que ainda transcorrem) num misto sentimental entre o masoquismo renitente e o enfado persistente em todo o glúteo.
Alguns senadores (pró e contra Dilma) foram brilhantes, souberam defender suas posições com correção e até serenidade, com destaque à senadora Simone Tebet (PMDB/MS) que foi corretamente didática, numa narrativa esclarecedora.
O senador petista Lindbergh Farias foi uma exceção. Ele fez um glorioso regresso aos anos 50 e lançou seu desafio de praxe em direção à luta de classes. Risível.
Mas o processo golpista permite pronunciamentos malucos porque as elites são espertas e gostam de cobrir suas espertezas com o manto da democracia. O senador do PT do Rio de Janeiro é um grande colaborador do golpe, olhando a coisa por esse prisma.
O senador Pedro Chaves (PSC/MS), finalmente, revelou seu voto, contra a permanência de Dilma, pela admissibilidade do processo de impeachment.
O sinal está claro: Dilma segue para o cadafalso, aturdindo aqueles que se perguntam "por que ela não renuncia logo de uma vez?".
Tenho uma explicação simplista: a maldade humana.
Ela seria a única que teria condições para evitar esse longo processo, desgastante em todos os sentidos, fazendo a roda política girar novamente, talvez para rumos imprevistos.
Mas Dilma é tinhosa: prefere ter a sua "Cerimônia do Adeus", com tudo que isso possa significar.