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Candidatos praticam pedofilia eleitoral


A cena é comum: todo candidato acha que aparecer fotografado com uma criança no colo ou no meio de um grupo delas é a coisa mais linda do mundo. 

Falso. 

Desculpe a palavra, mas é nojento. Chamo a isso - metaforicamente - como "pedofilia eleitoral". 

Acho que se aproveitar de uma criança para fazer média eleitoral é um ato ignominioso. Os pais deviam proibir que elas fossem fotografadas ao lado de candidatos. 

Seja ele quem for, pode até ser um santo, isso tem que parar de acontecer nos processos eleitorais. 

E os candidatos - mesmo que adorem crianças - deviam evitar esse tipo imagem. 

Crianças são inocentes. Não sabem o que está acontecendo. Não podem ser abusadas para fins de marketing, num jogo sórdido de aparências, ao qual elas não tem a mínima noção que estão sendo usadas para um idiota qualquer mostrar para o público que são bonzinhos e humanos.

No facebook tenho criticado esse tipo de atitude. Os apoiadores dos candidatos me respondem com ofensas. 

Os militontos mais agressivos até o momento são os do candidato Lívio Leite, do PSDB. 

Tento mostrar a eles que essa estratégia de mostrar o candidato com criancinhas é o pior dos mundos. 

Me chamam de chato, invejoso, rancoroso. Suporto. 

Lívio acha que veio para a política salvar o mundo. É um mentiroso de marca maior. E o mais grave: usa criancinhas inocentes para fortalecer a imagem de benemérito e humanista. Tudo errado. 

Quando eu tinha 4 anos de idade, meu pai me levou à estação ferroviária de minha cidade, no interior de São Paulo, para conhecer Jânio Quadros, governador de São Paulo. 

Jânio me viu e correu em minha direção, pegando-me no colo para ser fotografado. Eu parecia um anjo barroco. Pegou bem nas fotos. 

Essa imagem foi estampada nos principais jornais do Estado. 

Na fase adulta me senti ultrajado, sendo objeto de uso político desse maluco. Até hoje não consegui perdoar meu pai por isso.

Jânio morreu. Mas a foto, não.