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Azambuja se apequena quando põe família no meio de campanha



Eleição de 2014. Reinaldo Azambuja e Delcídio Amaral tentavam articular uma aliança entre PT e PSDB em Mato Grosso do Sul.

Azambuja tentava fingir ser um empresário na política. E Delcídio queria atuar como empresário da política. 

O trato era simples: o tucanato apoiava o PT e Azambuja disputava o senado, com recursos do PT. Em contrapartida, Delcídio figuraria como uma espécie de "candidato único" no processo eleitoral. 

Todos sabem, mas a coisa não funcionou. Azambuja virou adversário de Delcídio e a campanha começou. 

No meio do caminho estourou o Petrolão.

O envolvimento de Delcídio era evidente. 

Mas Azambuja relutava em trazer esse tema para a campanha. Havia muita pressão para que o fizesse. 

O ex-senador Ruben Figueiró - evoco seu testemunho - era contra que se utilizasse o tema pelas mãos diretas do candidato tucano. 

Ele achava que a pauta era de domínio público e que não havia necessidade de machucar Delcídio de forma contundente. Figueiró havia acompanhado de perto as negociações entre PT e PSDB que, posteriormente, malogrou.

Lembro que Azambuja ficou angustiado com o assunto, o que, a meu ver, lhe conferia um sentimento de decência política.

Delcídio era um alvo fácil. O acirramento social contra o PT na sociedade era fortíssimo.  

Mas não adiantou. Prevaleceu o pragmatismo eleitoral e Reinaldo usou o escândalo para criar a simbologia do "patrimônio ético" na campanha. 

Foi num debate promovido pelo site Midiamax que Azambuja colocou todo o arsenal de que dispunha contra Delcídio. Bateu pesado contra um adversário cansado, rouco, à beira de um ataque de nervos.

O mal estar gerado foi tanto que, na platéia, um assessor de Amaral, Edimar Paes, não aguentou a carga e gritou histericamente na direção de Azambuja: "Canalha! Canalha!"

O resto é história. 

Agora, nas eleições de 2016, Azambuja vive um dilema parecido. 

Só que ele nem esperou passar o tempo para ponderar: na abertura da campanha abriu carga contra a chamada "família Trad". De maneira enviesada, querendo ser sutil (mas não sendo) fez o seu jogo. 

Azambuja, dessa vez, segue o caminho errado. Ele não carrega mais a insígnia do "patrimônio ético"; ao contrário.

Seu Governo foi literalmente loteado por várias famílias, dentro da sólida tradição patrimonialista da nossa política. Seria covardia enumerar as posições de cada uma delas na estrutura de poder. 

Azambuja está se apequenando. Ele devia ser exemplo de altivez e parcimônia nesse momento. Está ouvindo gente que não presta. Devia ser mais atencioso ao que fala e faz. 

Nessa toada, além de levar sua candidata à derrota, deixará ressentimentos que o prejudicará enormemente em 2018. 

Mas o governador é dono de seu destino. Mas é bom que se lembre: não se faz política destruindo, até porque o tempo histórico é outro e a sociedade não gosta de ver seu governador rebaixar o padrão institucional do cargo que ocupa.